sábado, 14 de agosto de 2010

Sobre ser feliz , ir a feira e ter um blog.

Eu adoro ir a feira, um prazer que raramente a preguiça me permite.Os supermercados me arrancaram este hábito tão salutar. Quando venço a inércia é absolutamente delicioso. Gosto de olhar as pessoas com o ar do despertar matutino. Alguns corridos da cama para apanhar o filé mignon das hortaliças, outros de natureza madrugadora (o que não é o meu caso) chegam cheios de disposição e planejamento. Hoje estava uma garoa fina, de frio, céu cinza e um vento gelado, mas ainda assim o efeito da baixa temperatura sobre alguns sabores é inédito. Comi o mamão da década, doce e lindo. Um sabor que vai viver para sempre em minha boca, nas impressões que ficarão registradas na memória.

Sentir o cheiro misturado dos sabores presentes, olhar os diferentes todos iguais. Perceber os que parecem iguais,mas ali estão tão diferentes, em outra frequência. Este sabor só pode ser superado por um mercado público. Adoro os mercados. Caminhar por eles é renovador e muito rico. Acho que é a simplicidade , aquela velha fórmula das pequenas coisas.

As laranjas de umbigo estavam espetaculares, como verdadeiras obras do capricho da laranjeira, tão redondas e cheirosas. Fiquei simplesmente feliz, vendo as pessoas se encontrando e trocando idéias sobre amenidades . Algumas conversas sobre a rotina de quem vive de produzir . Um contraste com minha vidinha urbanóide que acaba sendo limitada a colher pelos dias o que a rotina me impõe.

E o legal é que , tendo um blog, eu posso deixar aqui registrado este episódio tão simples mas de tanto valor.

Falando nesta história de ter um blog, é impressionante o que tenho visto por aí pelos blogs. Toda sorte de objetivos ganha visibilidade. É revolucionário.

Parece que as pessoas, além de terem seus domicílios no mundo material , identidades civis e credenciais sociais, agora também precisam de um portal virtual. Uma identidade digital , bem menos limitada, onde tudo parede ser permitido, todas as combinações se tornam possibilidades.

Outro dia mesmo eu estava lendo uma destas revistas que só vejo quando vou ao cabeleireiro. Um tipo de lixo que eu não compraria para ler, mas em consultório médico, dentário e salão de beleza, qualquer fuga é permitida.No meio do lixo encontrei uma matéria muito legal sobre a atriz Márcia Cabrita, que está enfrentando a quimioterapia e criou um blog para falar, com muito humor claro, sobre as situações hilárias causadas pela tragédia de viver um câncer. Desde dicas de arranjos com lenços até maquiagem, com leveza e humor de quem está aprendendo a lidar com os meandros da vida. Olha que bárbaro. Como as pessoas são interessantes. E a vida ali , me mostrando as sutilezas do aprendizado.

Poder partilhar idéias sem muito compromisso é renovador . Até idéias simplórias sobre a feira de sábado. Uma parte de mim que encontro nos outros e todas as partes dos outros que fazem parte de mim. Tão estranhos, tão íntimos.

Como disse o chapeleiro( em Alice nos país das maravilhas) não posso perder a minha muiteza, sob pena de esquecer as melhores coisas que a vida me guarda. Thanks!!


beijo muito

da linda

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