sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Vou comemorar hoje as promessas que não cumpri, os medos que enfrentei e todo ou qualquer sopro que inalei e me alterou de qualquer forma. Toda vida que exalei com a intensidade dos fracos e com os dois pés fincados no chão está aí respingada em marcas .
Dia 31 de Dezembro escoa sua última substância pela garganta de Crono. Assim , sem qualquer constrangimento, o 365 consumido e fungível,  se desintegra em lembranças fragmentadas  como fogos de artifício. Implode luminoso mais um lapso de ficção que morre em si, quase sem resíduos.Caprichosa invenção. Vou bebê-lo numa taça...gelado como os mortos!
E assim por diante o planeta continua girando indiferente, engolindo as doses de sol e devolvendo fractais imperceptíveis a decifrar  os extremos , de vida e morte, de exuberância e devastação,  de compassividade e desatino. em alternância perpétua. Um compasso ritmando o infinito condolente.
tim tim mais uma vez........

Beijos residuais
da Linda

domingo, 26 de dezembro de 2010

Antropofagia

".... eu escrevo muitas atrocidades, mas elas são a melhor prova de mim mesma. De meu trânsito desconcertannte  e antropofágico sobre a coisa."

Meu não sei ainda cresce,
existo  para o deleite
de minhas contradições, nada fenece,
sou tão somente demandante
das circunstâncias que me costuram
às coisas e me negam a inteireza
da solidez  adormecida...

Ando assim fluida,
prolífica, em demolição,
ando clarice de mim
mesma e me tomo orgulhosa
de meu vácuo sem limite ou substância,
não aceito rima ou coerência,
apenas a abundância líquida
que saliva numa inferência vaidosa
e poluída dos tons que me
acodem talvez da verdad&.

Varrida como um tufão
me espirro, grito
em excreção,
me comprimo neste tecido
de letras insaciáveis
que me digerem na
fagocitose  estranha
da simulação..

beijo da Linda
Me lind@

sábado, 25 de dezembro de 2010

Perdidos no Espaço


Muitas vezes uma aspirada nos pélos do Stuart pode virar uma viagem ao espaço, ou melhor dizendo um episódio de "Perdidos no Espaço". Se eu tivesse que escolher qual personagem seria eu escolheria o Will, fiel companheiro de desventuras do Dr. Smith.
Meu aspirador de pó é a minha lata de sardinhas enferrujada que fica andando pela casa atrás de mim gritando "perigo" "perigo" enquanto persigo o Stuart que tem pânico do meu robô ( de brinquedo infelizmente). Ele desliza pela casa preso preso pelo elo de força, digo, pela mangueira sanfonada que ontem não resistiu à "brincadeira" e se rompeu, como tudo que é moderno e sujeito ao mal da obsolescência programada. Rompeu-se o elo de segurança e ficamos literalmente perdidos no espaço.
Ando assim, avulsa, perdida no espaço e experimentando a sensação de não pertencer a nenhum "club" ou apresentar qualquer credencial de identificação que me vincule.
Ontem era véspera de natal, tradição que não tem apresentado qualquer lógica para mim nos (muito muito) últimos anos. Me sinto um estojo de maquiagem falsificado dizendo palavras de ordem que não passam pelo crivo da minha verdade.
Não , não é um momento de complexo niilista profundo, talvez seja meu momento "Natureza Selvagem".
Não precisei me embrenhar pelas cabanas isoladas pelo inverno polar e nem romper com o mundo externo,mas fiquei perdida no espaço, deixei que os vínculos se rompessem como a mangueira sanfonada do aspirador de pó, esticou até onde pode, mas não resistiu à fragilidade do "material" e nem ao impacto dos puxões da minha vacuidade. Rompeu-se o elo e a experiência não foi propriamente boa, apenas uma experiência.
Fiquei ali desejando que o telefone não tocasse para que eu não tivesse que mentir para fazer algum sentido aos " de boa" . Ainda assim tive que dar algumas explicações constrangidas a respeito do meu comportamento.
Na última crônica do Contardo Caligaris ele defende o natal( espírito de  Noel) sob o argumento (entre outros) de que é um momento no qual acreditamos que o mundo nos quer bem. Os sorrisos se esbanjam e as generosidades  se põe a mostra. Os telefones tocam e os velhos amigos se reencontram para renovar votos . Pode ser!
Fiquei ouvindo um entusiasmado que gritava "feliz natal" pela janela do edifìcio ao lado. Dava para sentir a alegria e empolgação do sujeito turbinado com certeza por algumas taças de espumante. 
Mas o fato é que 2010 foi um ano de rasgar convicções e experimentar a sensação de estar na pele de Will e Smith, "perdidos no espaço" e tentando construir sentidos sobre o vácuo.Ou encontrando deus na cabana? Ou encontrando Melinda Bauer na Cabana? Brincadeirinha.
Encerrei o Natal com um Scott on the rocks duplo brindado com minha última tia de 83 anos, a única pessoa que senti vontade de ver. Fiquei lá observando o despojamento conferido pelo tempo a uma mulher. Bebericamos e falamos à toa. Voltei para casa e fiz uma sessão prolongada de cinema com direito a piquenique, com o Stuart , é claro. 
Feliz Natal
beijo lindo
da Lind@

ops...Natureza Selvagem é um superfilme que recomendo com ***** para quem ainda não assistiu. É uma longa viagem.
ops.: O Stuart é o meu Watson  de quatro patas.
Guigui
O cheiro do plástico adocicado com as cores radiantes do desejo está gravado nas papilas da alma do meu Peter Pan. Ele se nega a esquecer.Os olhos azuis se movem enquanto movimento os braços da minha boneca que ri . Ela me olha bem dentro e pressente nossa história. Traz um sorriso perpétuo diante da vida e solta uma risada inesquecível que ecoa pelo tempo. É natal em 1971 na rua Conde de Porto Alegre. As crianças correm pelo corredor entre os vasos de plantas e fazem tremer a varandinha que precede a mesa da ceia de Natal.  O pinheiro dourado está presente mais uma vez com suas bolas coloridas a nos refletir redondos ao lado do tio travestido de Papai Noel . Uma pequena estrela brilha anunciando o melhor natal de uma criança enquanto o Bob e o Biluca latem desesperados no quintal da casa da matriarca uruguaia Martina Estivalez, nascida em Melo para iluminar  o olhar de uma certa pequena que encantou pra sempre. Se despediu naquele natal com gosto de rabanadas...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Perfeitos estranhos , estranhos amigos.

A janela da minha academia dá para um supermercado muito movimentado no final da tarde. Ficar sobre o elíptico por quarenta minutos não chega a ser uma atividade emocionante, mas na esquina do supermercado tem um trailer que vende famosos espetinhos e é junto ao vendedor de espetinhos que encontro uma das criaturas mais encantadoras que já observei. Eu só percebi isto há poucos dias quando senti sua falta.

Ele é um quadrúpede vira-latas, mas tem um charme e uma nobreza que me impressionam. Fica interagindo com as pessoas que saem do supermercado ou do trailer como se tivesse uma missão a cumprir. Por vezes sai abanando o rabo e acompanhando as pessoas enquanto se dirigem para seus carros. Na maioria das tentativas de socialização ele é totalmente ignorado, o que não faz a menor diferença. Alegria , focinho empinado e tudo é só festa.

Um dia acompanhou uma senhora idosa por quase três quarteirões, voltando algum tempo depois para o posto da esquina. É uma delícia de olhar. Fiquei pensando o que leva um bichinho a agir assim. Ele se tornou um personagem da minha história e outro dia senti uma tristeza imensa quando percebi que não o via a algum tempo.

Fiquei fantasiando se não teria sido atropelado em um dos momentos que atravessou a rua enlouquecido ou se alguém não teria dado cabo dele. Imaginei que pudesse ter passado a carrocinha e fiquei vasculhando tudo com os olhos a procura do personagem principal daquela história.

Apesar do aparente abandono o meu estranho amigo tem dono, pois usa coleira e roupa(imunda), mas seu sumiço me deixou perturbada. Eu o  chamo de Lorde.

Bem, o Lorde me faz pensar sobre a natureza das pessoas e fatalmente me levou à minha natureza porque fiquei imaginando que criaturas como Lorde não guardam ressentimentos, apenas seguem seu instinto generoso. Cada situação é nova porque não guarda juízos anteriores e , principalmente, não traz expectativas. Se ele ganhar um carinho, ótimo, se não , segue adiante e nao fica remoendo.
Eu queria ser como o Lorde, viver cada momento , tirar o máximo do melhor e simplesmente esquecer a parte que não depende de mim. Sería  parte da civilização mais nobre.
Alguns poderiam dizer que um cachorro quer comida e afagos e que usa esta política para obter aquilo que seus instintos determinam, mas o fato é que existem milhares de cachorros pelas ruas e também há lordes que andam sobre duas patas e seguem sua verdadeira natureza de afeto, doação e generosidade.
Eu tenho tentado me focar no que é  bom e descartar o que não tem remédio ou independe das novas  atitudes . Eu tenho uma mania de acreditar no melhor das pessoas e muitas vezes por isso eu recebo delas o seu melhor. Assistir enquanto o Lorde esbanja alegria me faz muito bem porque me faz conectar com as melhores coisas de mim ou com a minha parte Lorde. O Lorde é minha catarse.
Voltando ao episódio,  eu não havia percebido até então o quanto aquele cachorro ajudava a preencher aquele momento e fiquei muito chateada ao pensar que não mais o veria. No último dia que estive malhando indaguei sobre ele e  já estava determinada a ir ao local saber notícias do meu secreto amigo quando inesperadamente a luz acendeu . Lá estava ele aparecendo entre os carros com o rabo abanando , como se fosse um gerente de animação do estacionamento. Ele sequer poderia imaginar ( porque cães nem imaginam) que do outro lado da rua ele tinha uma fã aflita com sua ausência. O cenário se iluminou novamente e eu sorri por dentro.
O Lorde deu um tempo para que eu podesse sentir sua ausência e afinal valorizar uma sutileza que a vida me oferece ao final da tarde.
 Fiquei ali satisfeita por vê-lo a salvo da minha imaginação. Perfeitos estranhos, estranhos amigos.
Amizade não tem mesmo formato ou prescrição. É apenas uma força que nos aproxima, nos acolhe por afinidade , por necessidade ou susto. Não tem tamanho ou jeito, é um tipo de amor inexplicável e didático porque desperta sentidos e apresenta escolhas sempre.
Alguém já disse que a felicidade precisa ser inventada no que se tem e no que se vive, no risco do inventado, do contrário é apenas um adaptar-se ao estabelecido....

beijo lindo.....aos peludos
da Linda

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Minha primeira lição sobre preconceito

Quantas vezes seres estranhos acabam sendo importantes em nossas vidas. Há inúmeras pessoas que eu amei secretamente de alguma forma pelo bem que me fizeram. Hoje quando me dou conta disso percebo a abundância que é existir. Lições  brotam de muitos mestres.
Uma das minhas lembranças mais fortes voltou outro dia quando encontrei em uma loja de departamentos uma colega de escola que não via há pelo menos três décadas.
Quando estava na quarta série tive alguns momentos difíceis desencadeados por uma professora. A Tia Sueli era uma mulher que chamaríamos de meia idade, tinha voz grave e sofria de uma ironia grave. Embora  não tivesse o sorriso terno ou um olhar doce me transmitia confiança e eu gostava quando balançava as pulseiras e exibia o anel de normalista.
Com o tempo mostrou-se amarga e afogada em preconceitos.  O nome do filme é "Tia Sueli versus alguns punhados de crianças e suas singulares histórias". Entre elas estava eu.
Éramos cerca de trinta e poucas crianças distribuidas na sala com base em critérios nada pedagógicos. Na primeira fila os prediletos, aplicados, ou seja, os primeiros da classe. Logo a seguir os medianos, os indiferentes, entre os quais eu me enquadrava. Nem lá e nem cá, bem onde gosto de estar. Mais ao fundo da sala colocavam-se os alunos menos aplicados, repetentes, os mais humildes e ainda uma menina negra, a Claudete, que acabou me salvando daquela que se tornou o Leviatã de saias.
Dentro do simbolismo que habita o imaginário  de uma criança de nove anos significava dizer que o afeto da tia Sueli estava destinado aos primeiros e  para os  últimos seriam as sobras.
Um belo dia de abril tudo  que parecia estar "no lugar"  mudou. Eu faltei a aula porque tive uma crise de bronquite e quando retornei, aquele espectro coberto de pó de arroz com longas garras vermelhas e cheiro de talco olhou para mim como se eu fosse uma intrusa e então percebi que minha classe estava ocupada por um colega novo.
Fiquei parada com minha pasta sem saber o que fazer. O rabo de cavalo me puxava as maças do rosto porque eu começava a contrair num choro. Meu mundo caiu enquanto os meus colegas se agitavam pela sala sem dar conta da minha aflição.
Indiferentes, as bochechas da tia Sueli cheias  de rouge começaram a se agitar flácidas como uma geléia de amoras  enquanto ela sacudia o braço coberto de pulseiras (que indicavam os  anos de casamento) apontando para um lugar lá no fundo ao lado da Claudete.
Na minha pobre interpretação da época eu entendi que não poderia mais participar da festa. Eu não estava mais entre suas preferências, estava sendo rebaixada para outro plano porque perdi minha vaga na primeira classe. Não consegui disfarçar minha injúria e quase às lágrimas protestei!!
O protesto só me valeu um pouco mais da ira da Tia Sueli que mostrou todos os dentes tortos e amarelos de uma só vez e não arredou pé. Naquele momento o chão se abriu.
A partir do dia seguinte iniciaram-se sucessivas crises de mal estar . Eu ficava com taquicardia e boca seca  parada no fundo da aula , dura como um poste, sem me mexer. Fui o castigo da tia Sueli. Se talvez  ela apenas me desprezasse até então, passou a me detestar.
Todos os dias eu chegava na classe e ficava dura chorando e em pânico. Insuportável para qualquer professor, a autocomiseração.  Enfim ela me mandava para o serviço de orientação e eu encontrava a maravilhosa Teodolinda.
Era o céu. A dona Teodolinda era um anjo e ficávamos tomando água com açúcar até cair. Ela me contava coisas e eu ajudava  em seu trabalho. Por vezes ela me convencia a voltar para aula e outras mandava chamar minha mãe para que eu fosse para casa.
Meus retornos para aula acabaram fazendo com que a Claudete se tornasse uma próxima amiga. Ela tinha um sorriso branco de ofuscar, vivia sorrindo e era cheia de atitude. Ela re-significou a tia Sueli.
A minha nova amiga me apresentou uma nova perspectiva que era estar do outro lado da linha e não era ruim. A Claudete me ensinou sobre coragem.
O tempo passou e eu desenvolvi uma sueliofobia.  Dona Teodolinda e a pequena Claudete foram duas pessoas muito importantes em minha vida, embora eu tenha acabado mudando de classe porque minha mãe acabou reconhecendo que a professora era um tanto sádica. Houveram muitas visitas ao serviço de orientação, mas nada me faz  mais feliz do que pensar a sorte que tive.
Então esta semana encontrei a Claudete e senti uma estranha alegria. Trocamos algumas palavras, mas eu senti um aconchego dentro do meu peito. Eu a vi com a camisa branca do uniforme e o casaco vermelho escuro  com botões dourados carregando uma flâmula e aquele sorriso abundante. Coisa de mestra.
beijo feliz
e lindo

sábado, 11 de dezembro de 2010

"Nasci num resto de dia. O copo já se esvaziando e tudo rápido e arranjado. Cheguei, sem ruído, sem choro, já puro decoro contido."

Inadequação

Os dedos correm as folhas da agenda
sentindo os relevos, os resquícios de vida.
Palavras  sacolejam os medos,
caem pela língua, pulam feito mola .

Na tela "a situação".

Clima de insurreição. Negação.
Idéias toscas que minhas não são.
 Escapa um pensamento fujão.
Parada a composição,
 verso carece de conclusão.

Falta  inspiração, sem conjugação.
Basta na confusão, lápis sem ponta,  amolação.
Sol  não decide se brilha ou se não e
cúmplice a frase  não define sua condição.
 Fica o dito pelo não dito.
Nova página de agenda , palavra não se emenda,
chega de aporrinhação.
Rabisco amassado, esboço passado.
Não tem solução.

beijo inapropriado
da Lind@

domingo, 5 de dezembro de 2010

Eu e minha boneca ....

No conto" Vasalisa" da psicóloga junguiana e contadora de histórias Clarissa Pinkola Estés do livro " Mulheres que  correm com os Lobos", uma mãe no leito de morte chama a filhinha e lhe dá de presente uma boneca. A mãe diz a filha que sempre que precisar de ajuda deve perguntar à boneca o que fazer, que nunca deve contar a ninguém sobre a boneca e jamais afastar-se dela. A mãe morre e a menina segue as orientações da mãe. Sempre que se encontrava em apuros a boneca indicava-lhe o caminho e dizia-lhe como agir.
A escritora nos fala sobre nossos instintos femininos adormecidos, nossas intuições e complexidades esquecidas ou sufocadas pelas distorções geradas por este modêlo sócio cultural no qual estamos enterradas até o pescoço. Mas vez por outra encontramos nossa mulher selvagem, como se uma passagem se abrisse e nos encontrássemos com os arquétipos que habitam nossa psique e nos socorrem prontamente de nossas angústias.
Nos últimos tempos eu tenho experimentado inúmeras experiências e muitas delas não muito agradáveis. Tenho que enfrentar sozinha tarefas às quais desconhecia e encontrar soluções adultas e razoáveis para equações novas e cujas fórmulas ignoro.
Já enfrentei um rato , encanamento entupido, medo, insegurança, válvula hidra enguiçada, colapso econômico, coração partido, limpeza e organização doméstica, entraves juridicos-administrativos e tudo que diz respeito à trabalhosa gestão da própria vida( neste modelo social escolhido). Aprendi a fazer minhas próprias unhas, depilação e tintura de cabelos. Aproveito recursos e preparo meu próprio layout todos os dias.  Enfim fiz um aprendizado rápido sobre operacionalidade ou otimização dos ingredientes dos quais disponho.
Cuidar de si mesmo é muito trabalhoso, mas tenho encontrado sempre com minha mulher selvagem. Não me separo de minha "boneca".
Ontem tive a clara percepção do quanto nós mulheres somos dotadas destas intuições e de como nossa boneca nos orienta pelos caminhos precisamente adequados.
Em um dia desalentador resolvi ( e nem visualizo como) um rol de problemas.
Só para exemplificar eu saí de casa com a expressão que gosto de mentalizar "animus resolvendi". Inventei esta chave para colocar no meu foco quando preciso ser ágil.
Depois de uma noite mal dormida de ansiedades geradas pela urgência na resolução de certas questões fui ao encontro das pendengas.
A primeira seria encontrar um modelito para um evento ( sem muitos gastos é claro). Já havia percorrido vários lugares aqui de Bigrivertown e não havia ouvido o sim do meu ego. Um certo momento ouvi o nome do lugar e shazan...resolvido. Segui o dedo na agenda e fui tentar encontrar um pintor faz tudo ( na praia onde tudo é um assalto)  para arrumar uma casa que estava em petição de miséria . Em segundos encontrei um vizinho de praia que estava desfilando na minha frente. Chamei , perguntei  e ele apontou o dedo para um garoto de óculos fundos que trabalhava em uma obra (praia em Dezembro é um campo de obras). Chamou o garoto e apresentou o serviço . Levei o Pablo ao local , mostrei o que precisava ser feito. Ele chutou o preço nas alturas e negociei até onde eu poderia ir. Fechou.
O serralheiro que estava me enrolando há dois meses começou a trocar as grades das janelas e o inquilino que estava na casa  fazia a faxina geral. Para encerrar, minha boneca pisou no freio segundos antes que eu entrasse em cheio  na porta de um carro que estava manobrando atrás de mim. Fiquei perplexa tentando entender como. Parei e fui saborear um Mccolosso com aquela calda de chocolate.
Usei estes pequenos episódios  para ilustrar minha mulher selvagem e o quanto os pensamentos e idéias que colocamos na mente são fundamentais para nos salvar dos dissabores e frustrações.
Alguns gostam de chamar de sorte, mas eu acredito que somos dotados de energias que precisamos aprender a conduzir e canalizar para nossos objetivos.
Mais uma vez tenho que concordar com aqueles que crêem que os obstáculos são nossos grandes mestres. É com eles que aprendemos a lançar mão de nossos "eus" e fazer o inventário de nossas forças aliadas. Sou também uma mulher de muita sorte.
Descobri também a energia da palavra escrita, aquela que , como diria outra Clarice (Lispector), é uma busca humilde por um modo de falar que me leve mais depressa ao entendimento.
Esta experiência me deixa simplesmente feliz.

beijo da inseparável boneca
Linda