sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Vou comemorar hoje as promessas que não cumpri, os medos que enfrentei e todo ou qualquer sopro que inalei e me alterou de qualquer forma. Toda vida que exalei com a intensidade dos fracos e com os dois pés fincados no chão está aí respingada em marcas .
Dia 31 de Dezembro escoa sua última substância pela garganta de Crono. Assim , sem qualquer constrangimento, o 365 consumido e fungível,  se desintegra em lembranças fragmentadas  como fogos de artifício. Implode luminoso mais um lapso de ficção que morre em si, quase sem resíduos.Caprichosa invenção. Vou bebê-lo numa taça...gelado como os mortos!
E assim por diante o planeta continua girando indiferente, engolindo as doses de sol e devolvendo fractais imperceptíveis a decifrar  os extremos , de vida e morte, de exuberância e devastação,  de compassividade e desatino. em alternância perpétua. Um compasso ritmando o infinito condolente.
tim tim mais uma vez........

Beijos residuais
da Linda

domingo, 26 de dezembro de 2010

Antropofagia

".... eu escrevo muitas atrocidades, mas elas são a melhor prova de mim mesma. De meu trânsito desconcertannte  e antropofágico sobre a coisa."

Meu não sei ainda cresce,
existo  para o deleite
de minhas contradições, nada fenece,
sou tão somente demandante
das circunstâncias que me costuram
às coisas e me negam a inteireza
da solidez  adormecida...

Ando assim fluida,
prolífica, em demolição,
ando clarice de mim
mesma e me tomo orgulhosa
de meu vácuo sem limite ou substância,
não aceito rima ou coerência,
apenas a abundância líquida
que saliva numa inferência vaidosa
e poluída dos tons que me
acodem talvez da verdad&.

Varrida como um tufão
me espirro, grito
em excreção,
me comprimo neste tecido
de letras insaciáveis
que me digerem na
fagocitose  estranha
da simulação..

beijo da Linda
Me lind@

sábado, 25 de dezembro de 2010

Perdidos no Espaço


Muitas vezes uma aspirada nos pélos do Stuart pode virar uma viagem ao espaço, ou melhor dizendo um episódio de "Perdidos no Espaço". Se eu tivesse que escolher qual personagem seria eu escolheria o Will, fiel companheiro de desventuras do Dr. Smith.
Meu aspirador de pó é a minha lata de sardinhas enferrujada que fica andando pela casa atrás de mim gritando "perigo" "perigo" enquanto persigo o Stuart que tem pânico do meu robô ( de brinquedo infelizmente). Ele desliza pela casa preso preso pelo elo de força, digo, pela mangueira sanfonada que ontem não resistiu à "brincadeira" e se rompeu, como tudo que é moderno e sujeito ao mal da obsolescência programada. Rompeu-se o elo de segurança e ficamos literalmente perdidos no espaço.
Ando assim, avulsa, perdida no espaço e experimentando a sensação de não pertencer a nenhum "club" ou apresentar qualquer credencial de identificação que me vincule.
Ontem era véspera de natal, tradição que não tem apresentado qualquer lógica para mim nos (muito muito) últimos anos. Me sinto um estojo de maquiagem falsificado dizendo palavras de ordem que não passam pelo crivo da minha verdade.
Não , não é um momento de complexo niilista profundo, talvez seja meu momento "Natureza Selvagem".
Não precisei me embrenhar pelas cabanas isoladas pelo inverno polar e nem romper com o mundo externo,mas fiquei perdida no espaço, deixei que os vínculos se rompessem como a mangueira sanfonada do aspirador de pó, esticou até onde pode, mas não resistiu à fragilidade do "material" e nem ao impacto dos puxões da minha vacuidade. Rompeu-se o elo e a experiência não foi propriamente boa, apenas uma experiência.
Fiquei ali desejando que o telefone não tocasse para que eu não tivesse que mentir para fazer algum sentido aos " de boa" . Ainda assim tive que dar algumas explicações constrangidas a respeito do meu comportamento.
Na última crônica do Contardo Caligaris ele defende o natal( espírito de  Noel) sob o argumento (entre outros) de que é um momento no qual acreditamos que o mundo nos quer bem. Os sorrisos se esbanjam e as generosidades  se põe a mostra. Os telefones tocam e os velhos amigos se reencontram para renovar votos . Pode ser!
Fiquei ouvindo um entusiasmado que gritava "feliz natal" pela janela do edifìcio ao lado. Dava para sentir a alegria e empolgação do sujeito turbinado com certeza por algumas taças de espumante. 
Mas o fato é que 2010 foi um ano de rasgar convicções e experimentar a sensação de estar na pele de Will e Smith, "perdidos no espaço" e tentando construir sentidos sobre o vácuo.Ou encontrando deus na cabana? Ou encontrando Melinda Bauer na Cabana? Brincadeirinha.
Encerrei o Natal com um Scott on the rocks duplo brindado com minha última tia de 83 anos, a única pessoa que senti vontade de ver. Fiquei lá observando o despojamento conferido pelo tempo a uma mulher. Bebericamos e falamos à toa. Voltei para casa e fiz uma sessão prolongada de cinema com direito a piquenique, com o Stuart , é claro. 
Feliz Natal
beijo lindo
da Lind@

ops...Natureza Selvagem é um superfilme que recomendo com ***** para quem ainda não assistiu. É uma longa viagem.
ops.: O Stuart é o meu Watson  de quatro patas.
Guigui
O cheiro do plástico adocicado com as cores radiantes do desejo está gravado nas papilas da alma do meu Peter Pan. Ele se nega a esquecer.Os olhos azuis se movem enquanto movimento os braços da minha boneca que ri . Ela me olha bem dentro e pressente nossa história. Traz um sorriso perpétuo diante da vida e solta uma risada inesquecível que ecoa pelo tempo. É natal em 1971 na rua Conde de Porto Alegre. As crianças correm pelo corredor entre os vasos de plantas e fazem tremer a varandinha que precede a mesa da ceia de Natal.  O pinheiro dourado está presente mais uma vez com suas bolas coloridas a nos refletir redondos ao lado do tio travestido de Papai Noel . Uma pequena estrela brilha anunciando o melhor natal de uma criança enquanto o Bob e o Biluca latem desesperados no quintal da casa da matriarca uruguaia Martina Estivalez, nascida em Melo para iluminar  o olhar de uma certa pequena que encantou pra sempre. Se despediu naquele natal com gosto de rabanadas...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Perfeitos estranhos , estranhos amigos.

A janela da minha academia dá para um supermercado muito movimentado no final da tarde. Ficar sobre o elíptico por quarenta minutos não chega a ser uma atividade emocionante, mas na esquina do supermercado tem um trailer que vende famosos espetinhos e é junto ao vendedor de espetinhos que encontro uma das criaturas mais encantadoras que já observei. Eu só percebi isto há poucos dias quando senti sua falta.

Ele é um quadrúpede vira-latas, mas tem um charme e uma nobreza que me impressionam. Fica interagindo com as pessoas que saem do supermercado ou do trailer como se tivesse uma missão a cumprir. Por vezes sai abanando o rabo e acompanhando as pessoas enquanto se dirigem para seus carros. Na maioria das tentativas de socialização ele é totalmente ignorado, o que não faz a menor diferença. Alegria , focinho empinado e tudo é só festa.

Um dia acompanhou uma senhora idosa por quase três quarteirões, voltando algum tempo depois para o posto da esquina. É uma delícia de olhar. Fiquei pensando o que leva um bichinho a agir assim. Ele se tornou um personagem da minha história e outro dia senti uma tristeza imensa quando percebi que não o via a algum tempo.

Fiquei fantasiando se não teria sido atropelado em um dos momentos que atravessou a rua enlouquecido ou se alguém não teria dado cabo dele. Imaginei que pudesse ter passado a carrocinha e fiquei vasculhando tudo com os olhos a procura do personagem principal daquela história.

Apesar do aparente abandono o meu estranho amigo tem dono, pois usa coleira e roupa(imunda), mas seu sumiço me deixou perturbada. Eu o  chamo de Lorde.

Bem, o Lorde me faz pensar sobre a natureza das pessoas e fatalmente me levou à minha natureza porque fiquei imaginando que criaturas como Lorde não guardam ressentimentos, apenas seguem seu instinto generoso. Cada situação é nova porque não guarda juízos anteriores e , principalmente, não traz expectativas. Se ele ganhar um carinho, ótimo, se não , segue adiante e nao fica remoendo.
Eu queria ser como o Lorde, viver cada momento , tirar o máximo do melhor e simplesmente esquecer a parte que não depende de mim. Sería  parte da civilização mais nobre.
Alguns poderiam dizer que um cachorro quer comida e afagos e que usa esta política para obter aquilo que seus instintos determinam, mas o fato é que existem milhares de cachorros pelas ruas e também há lordes que andam sobre duas patas e seguem sua verdadeira natureza de afeto, doação e generosidade.
Eu tenho tentado me focar no que é  bom e descartar o que não tem remédio ou independe das novas  atitudes . Eu tenho uma mania de acreditar no melhor das pessoas e muitas vezes por isso eu recebo delas o seu melhor. Assistir enquanto o Lorde esbanja alegria me faz muito bem porque me faz conectar com as melhores coisas de mim ou com a minha parte Lorde. O Lorde é minha catarse.
Voltando ao episódio,  eu não havia percebido até então o quanto aquele cachorro ajudava a preencher aquele momento e fiquei muito chateada ao pensar que não mais o veria. No último dia que estive malhando indaguei sobre ele e  já estava determinada a ir ao local saber notícias do meu secreto amigo quando inesperadamente a luz acendeu . Lá estava ele aparecendo entre os carros com o rabo abanando , como se fosse um gerente de animação do estacionamento. Ele sequer poderia imaginar ( porque cães nem imaginam) que do outro lado da rua ele tinha uma fã aflita com sua ausência. O cenário se iluminou novamente e eu sorri por dentro.
O Lorde deu um tempo para que eu podesse sentir sua ausência e afinal valorizar uma sutileza que a vida me oferece ao final da tarde.
 Fiquei ali satisfeita por vê-lo a salvo da minha imaginação. Perfeitos estranhos, estranhos amigos.
Amizade não tem mesmo formato ou prescrição. É apenas uma força que nos aproxima, nos acolhe por afinidade , por necessidade ou susto. Não tem tamanho ou jeito, é um tipo de amor inexplicável e didático porque desperta sentidos e apresenta escolhas sempre.
Alguém já disse que a felicidade precisa ser inventada no que se tem e no que se vive, no risco do inventado, do contrário é apenas um adaptar-se ao estabelecido....

beijo lindo.....aos peludos
da Linda

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Minha primeira lição sobre preconceito

Quantas vezes seres estranhos acabam sendo importantes em nossas vidas. Há inúmeras pessoas que eu amei secretamente de alguma forma pelo bem que me fizeram. Hoje quando me dou conta disso percebo a abundância que é existir. Lições  brotam de muitos mestres.
Uma das minhas lembranças mais fortes voltou outro dia quando encontrei em uma loja de departamentos uma colega de escola que não via há pelo menos três décadas.
Quando estava na quarta série tive alguns momentos difíceis desencadeados por uma professora. A Tia Sueli era uma mulher que chamaríamos de meia idade, tinha voz grave e sofria de uma ironia grave. Embora  não tivesse o sorriso terno ou um olhar doce me transmitia confiança e eu gostava quando balançava as pulseiras e exibia o anel de normalista.
Com o tempo mostrou-se amarga e afogada em preconceitos.  O nome do filme é "Tia Sueli versus alguns punhados de crianças e suas singulares histórias". Entre elas estava eu.
Éramos cerca de trinta e poucas crianças distribuidas na sala com base em critérios nada pedagógicos. Na primeira fila os prediletos, aplicados, ou seja, os primeiros da classe. Logo a seguir os medianos, os indiferentes, entre os quais eu me enquadrava. Nem lá e nem cá, bem onde gosto de estar. Mais ao fundo da sala colocavam-se os alunos menos aplicados, repetentes, os mais humildes e ainda uma menina negra, a Claudete, que acabou me salvando daquela que se tornou o Leviatã de saias.
Dentro do simbolismo que habita o imaginário  de uma criança de nove anos significava dizer que o afeto da tia Sueli estava destinado aos primeiros e  para os  últimos seriam as sobras.
Um belo dia de abril tudo  que parecia estar "no lugar"  mudou. Eu faltei a aula porque tive uma crise de bronquite e quando retornei, aquele espectro coberto de pó de arroz com longas garras vermelhas e cheiro de talco olhou para mim como se eu fosse uma intrusa e então percebi que minha classe estava ocupada por um colega novo.
Fiquei parada com minha pasta sem saber o que fazer. O rabo de cavalo me puxava as maças do rosto porque eu começava a contrair num choro. Meu mundo caiu enquanto os meus colegas se agitavam pela sala sem dar conta da minha aflição.
Indiferentes, as bochechas da tia Sueli cheias  de rouge começaram a se agitar flácidas como uma geléia de amoras  enquanto ela sacudia o braço coberto de pulseiras (que indicavam os  anos de casamento) apontando para um lugar lá no fundo ao lado da Claudete.
Na minha pobre interpretação da época eu entendi que não poderia mais participar da festa. Eu não estava mais entre suas preferências, estava sendo rebaixada para outro plano porque perdi minha vaga na primeira classe. Não consegui disfarçar minha injúria e quase às lágrimas protestei!!
O protesto só me valeu um pouco mais da ira da Tia Sueli que mostrou todos os dentes tortos e amarelos de uma só vez e não arredou pé. Naquele momento o chão se abriu.
A partir do dia seguinte iniciaram-se sucessivas crises de mal estar . Eu ficava com taquicardia e boca seca  parada no fundo da aula , dura como um poste, sem me mexer. Fui o castigo da tia Sueli. Se talvez  ela apenas me desprezasse até então, passou a me detestar.
Todos os dias eu chegava na classe e ficava dura chorando e em pânico. Insuportável para qualquer professor, a autocomiseração.  Enfim ela me mandava para o serviço de orientação e eu encontrava a maravilhosa Teodolinda.
Era o céu. A dona Teodolinda era um anjo e ficávamos tomando água com açúcar até cair. Ela me contava coisas e eu ajudava  em seu trabalho. Por vezes ela me convencia a voltar para aula e outras mandava chamar minha mãe para que eu fosse para casa.
Meus retornos para aula acabaram fazendo com que a Claudete se tornasse uma próxima amiga. Ela tinha um sorriso branco de ofuscar, vivia sorrindo e era cheia de atitude. Ela re-significou a tia Sueli.
A minha nova amiga me apresentou uma nova perspectiva que era estar do outro lado da linha e não era ruim. A Claudete me ensinou sobre coragem.
O tempo passou e eu desenvolvi uma sueliofobia.  Dona Teodolinda e a pequena Claudete foram duas pessoas muito importantes em minha vida, embora eu tenha acabado mudando de classe porque minha mãe acabou reconhecendo que a professora era um tanto sádica. Houveram muitas visitas ao serviço de orientação, mas nada me faz  mais feliz do que pensar a sorte que tive.
Então esta semana encontrei a Claudete e senti uma estranha alegria. Trocamos algumas palavras, mas eu senti um aconchego dentro do meu peito. Eu a vi com a camisa branca do uniforme e o casaco vermelho escuro  com botões dourados carregando uma flâmula e aquele sorriso abundante. Coisa de mestra.
beijo feliz
e lindo

sábado, 11 de dezembro de 2010

"Nasci num resto de dia. O copo já se esvaziando e tudo rápido e arranjado. Cheguei, sem ruído, sem choro, já puro decoro contido."

Inadequação

Os dedos correm as folhas da agenda
sentindo os relevos, os resquícios de vida.
Palavras  sacolejam os medos,
caem pela língua, pulam feito mola .

Na tela "a situação".

Clima de insurreição. Negação.
Idéias toscas que minhas não são.
 Escapa um pensamento fujão.
Parada a composição,
 verso carece de conclusão.

Falta  inspiração, sem conjugação.
Basta na confusão, lápis sem ponta,  amolação.
Sol  não decide se brilha ou se não e
cúmplice a frase  não define sua condição.
 Fica o dito pelo não dito.
Nova página de agenda , palavra não se emenda,
chega de aporrinhação.
Rabisco amassado, esboço passado.
Não tem solução.

beijo inapropriado
da Lind@

domingo, 5 de dezembro de 2010

Eu e minha boneca ....

No conto" Vasalisa" da psicóloga junguiana e contadora de histórias Clarissa Pinkola Estés do livro " Mulheres que  correm com os Lobos", uma mãe no leito de morte chama a filhinha e lhe dá de presente uma boneca. A mãe diz a filha que sempre que precisar de ajuda deve perguntar à boneca o que fazer, que nunca deve contar a ninguém sobre a boneca e jamais afastar-se dela. A mãe morre e a menina segue as orientações da mãe. Sempre que se encontrava em apuros a boneca indicava-lhe o caminho e dizia-lhe como agir.
A escritora nos fala sobre nossos instintos femininos adormecidos, nossas intuições e complexidades esquecidas ou sufocadas pelas distorções geradas por este modêlo sócio cultural no qual estamos enterradas até o pescoço. Mas vez por outra encontramos nossa mulher selvagem, como se uma passagem se abrisse e nos encontrássemos com os arquétipos que habitam nossa psique e nos socorrem prontamente de nossas angústias.
Nos últimos tempos eu tenho experimentado inúmeras experiências e muitas delas não muito agradáveis. Tenho que enfrentar sozinha tarefas às quais desconhecia e encontrar soluções adultas e razoáveis para equações novas e cujas fórmulas ignoro.
Já enfrentei um rato , encanamento entupido, medo, insegurança, válvula hidra enguiçada, colapso econômico, coração partido, limpeza e organização doméstica, entraves juridicos-administrativos e tudo que diz respeito à trabalhosa gestão da própria vida( neste modelo social escolhido). Aprendi a fazer minhas próprias unhas, depilação e tintura de cabelos. Aproveito recursos e preparo meu próprio layout todos os dias.  Enfim fiz um aprendizado rápido sobre operacionalidade ou otimização dos ingredientes dos quais disponho.
Cuidar de si mesmo é muito trabalhoso, mas tenho encontrado sempre com minha mulher selvagem. Não me separo de minha "boneca".
Ontem tive a clara percepção do quanto nós mulheres somos dotadas destas intuições e de como nossa boneca nos orienta pelos caminhos precisamente adequados.
Em um dia desalentador resolvi ( e nem visualizo como) um rol de problemas.
Só para exemplificar eu saí de casa com a expressão que gosto de mentalizar "animus resolvendi". Inventei esta chave para colocar no meu foco quando preciso ser ágil.
Depois de uma noite mal dormida de ansiedades geradas pela urgência na resolução de certas questões fui ao encontro das pendengas.
A primeira seria encontrar um modelito para um evento ( sem muitos gastos é claro). Já havia percorrido vários lugares aqui de Bigrivertown e não havia ouvido o sim do meu ego. Um certo momento ouvi o nome do lugar e shazan...resolvido. Segui o dedo na agenda e fui tentar encontrar um pintor faz tudo ( na praia onde tudo é um assalto)  para arrumar uma casa que estava em petição de miséria . Em segundos encontrei um vizinho de praia que estava desfilando na minha frente. Chamei , perguntei  e ele apontou o dedo para um garoto de óculos fundos que trabalhava em uma obra (praia em Dezembro é um campo de obras). Chamou o garoto e apresentou o serviço . Levei o Pablo ao local , mostrei o que precisava ser feito. Ele chutou o preço nas alturas e negociei até onde eu poderia ir. Fechou.
O serralheiro que estava me enrolando há dois meses começou a trocar as grades das janelas e o inquilino que estava na casa  fazia a faxina geral. Para encerrar, minha boneca pisou no freio segundos antes que eu entrasse em cheio  na porta de um carro que estava manobrando atrás de mim. Fiquei perplexa tentando entender como. Parei e fui saborear um Mccolosso com aquela calda de chocolate.
Usei estes pequenos episódios  para ilustrar minha mulher selvagem e o quanto os pensamentos e idéias que colocamos na mente são fundamentais para nos salvar dos dissabores e frustrações.
Alguns gostam de chamar de sorte, mas eu acredito que somos dotados de energias que precisamos aprender a conduzir e canalizar para nossos objetivos.
Mais uma vez tenho que concordar com aqueles que crêem que os obstáculos são nossos grandes mestres. É com eles que aprendemos a lançar mão de nossos "eus" e fazer o inventário de nossas forças aliadas. Sou também uma mulher de muita sorte.
Descobri também a energia da palavra escrita, aquela que , como diria outra Clarice (Lispector), é uma busca humilde por um modo de falar que me leve mais depressa ao entendimento.
Esta experiência me deixa simplesmente feliz.

beijo da inseparável boneca
Linda

domingo, 28 de novembro de 2010

Quem não se comunica se trumbica...

Neste último sábado enquanto um Sócrates operário da construção civil quebrava o piso da minha área a procura de um esgoto ( e quiça o que mais) disparando elucubrações sobre as idéias de um livro que portava orgulhoso chamado " A pirâmide desvelada"( segredos da pirâmide de Gizé), eu me reunia com alguns colegas de trabalho para discutir questões variadas e muito saborosas sobre como estabelecer contato, como atingir  a essência focada atualmente pelo MEC no que tange a competência leitora e interativa a ser desenvolvida e ou despertada nos pequenos e grandes, assim como  o caminho matemático apontado para a questão, ou seja, problema com suas variáveis e possíveis soluções. Leia-se possíveis soluções de forma aberta, flexível. Ser flexível para o educador hoje é mais importante do que ter mestrado.
O interessante neste fato é que é muito rico em possibilidades e vertentes. O caso do filósofo operário,  me fala sobre a competência leitora do autor pedreiro de teses, demonstrando que em qualquer idade e condição social é possível encontrar situações que ilustram este desafio. No caso do pedreiro o despertar pela leitura nasceu de sua paixão por desvendar os mistérios da existência e da necessidade  de se exilar das circunstâncias penosas que cercavam sua infância e juventude. Este encontro com a literatura  foi fomentado por seu contato com o google, que lhe abriu as portas da informação e das novas tecnologias. Hoje também serve de abrigo contra as adversidades que ainda assombram sua sobrevivência recortada pelo alcolismo , por relações conflitantes com filhos desajustados e pela perda precoce da esposa com câncer.  A leitura é sua grande aliada.
Observar estes ingredientes e transformá-los em possibilidades e soluções é um longo trabalho.
Uma das colegas presentes contou que espantou-se ao perceber que a filha de dois anos corria em volta dela enquanto ela lia e tentava entender o que mãe estava fazendo ali parada durante tanto tempo olhando para um objeto com com manchinhas pretas ( um livro). Uma criança de dois anos entende o mundo como pura atividade e isto nos leva de volta ao mundo das descobertas. Como foi seu primeiro contato?
Uma das minhas colegas trouxe a língua, a gramática e a dificuldade de operacionalizar tudo num contexto , ou seja expressar e entender corretamente.
Há tempos atrás eu tive a sorte de ler um texto muito interessante enfocando a arte, que analisava a trajetória de nossa evolução, desde as primeiras formas de expressão oral até  o desenvolvimento da língua falada. Articular sílabas e palavras foi um longo processo de descoberta que transformou nossa espécie. Aí está , em minha modesta opinião a chave para toda a questão.
A partir do momento em que compreendi que o desenvolvimento da linguagem oral e posteriormente escrita foi concebido a partir de uma necessidade de sair do isolamento no qual vivíamos passei a entender a expressão e compreensão do outro como um grande desafio.
A linguagem através da qual nos expressamos e buscamos decifrar o outro é uma habilidade que desenvolvemos a fim de nos revelarmos, nos mostrarmos , nos comunicarmos com o mundo. A linguagem veio nos salvar da solidão, nos socializou.
Quando compreendemos este instrumento como uma prerrogativa crucial desenvolvida por nossa espécie podemos assim avaliar a grandiosidade do ato de expressar-se, mostrar-se, contar-se através das letras , palavras e falas. É um grande dom articular-se.
Deste ponto de vista comunicar-se é um desafio, entender a sintaxe acaba sendo uma consequência natural do fato de precisar tornar-se inteligível e ou dizer-se corretamente.
Fazer-se entender não é simples, interpretar o interlocutor muito menos. Estas habilidades quanto mais praticadas mais nítidas.
Neste momento, portanto, quando escrevo este post, tento expor meu pensamento, contar minha vivência e exalar um pouco do que acho que aprendo. Posso estar sendo clara ou confusa, interessante ou desinteressante, bem sucedida ou mal sucedida em minha tentativa de manifestação.
Durante a reunião , que foi patrocinada pela Saraiva, uma colega trouxe a análise sintática que jamais havia aprendido a usar corretamente.Não sei se alguém já aprendeu corretamente,mas entender regras não é o mais importante. As malditas exceções podem parecer absurdas quando diagramadas num compêndio de regras sobre objeto direto, indireto, adjunto adnominal, adverbial e por aí afora, mas se observarmos a sintaxe como a forma de organização da linguagem escrita, como um facilitador de nossa expressão, torna-se outra a relação.
Comunicar-se é desafiador e em última instância é para tanto que vivemos em sociedade. Nosso outro mundo interior precisa que aprimoremos nossa forma de comunicação, precisa nos mostrar com precisão, limpidez e clareza. Eis como vejo.
Existem inúmeras formas para expressar-se, a arte é a mais ampla, afinal foi lá que começamos a nos tornar mágicos. Sejamos metafóricos, metalinguísticos , artísticos , teatrais, visuais, enfim, sejamos geniais. É preciso digerir o mundo.
As palavras são como substâncias digestivas do pensamento, entendê-las é fazer a primeira viagem a Lua, é estabelecer contatos imediatos no enésimo grau. É descobrir a senha para entrar na festa.

Sintaxe Mental

Por vezes me sinto uma proscrita. Totalmente banida do mundo efêmero. Não por nobreza e sim  esforço.Quando o discernimento diz que certas coisas não fazem mais sentido, por mais que me sinta atraída por elas, busco evitá-las. O mérito é todo meu, só não sei até que ponto é sincero.
 Hoje eu conversava com uma pessoa que nunca havia visto, uma estranha, mas identifiquei nela os sintomas de alguém que está despertando para uma realidade que está patente diante de todos nós, mas nem sempre desejamos vê-la. Algumas vezes ser certinha é incômodo.
 Sou uma confusão resultante  da mistura das idéias que aprendi a acreditar ao longo da minha travessia e da certeza de que tudo precisa ser revisto a partir de uma nova ótica, livre de parcialidade e preconceito.
Meu cinismo já se tornou virtuoso. ( Hoje eu li  que a palavra virtude buscada em sua origem significa poder...pense nisso enquanto eu lhes digo até amanhã- lembrei dos programas de Ivete Brandalise na rádio Guaíba com aquele tom de voz confiante e repleto de convicção). Convicção é algo que se tornou difícil para mim. Nunca mais obtive dentro de mim um imperativo afirmativo.
Somos preordenados, controlados, manipulados e achacados em nossa indivi-dualidade. Somos individuados e somos duais. Esta dualidade que nos equilibra fica desbalanceada porque estamos imersos em substâncias  que não são nossas. Essas duas partes precisam estar coerentes e unas, integradas. Caso contrário ficamos parecendo uma cópia falsificada de nós mesmos. É como se estivéssemos por hora desnorteados.
Imagine uma luz forte que quando cessa ofusca a visão.  Esta é a minha sensação.
Estávamos falando ao acaso (eu e a desconhecida) o quanto é difícil não querer(querer) ser parte do modelo social vigente sem sentir-se um ET. Não assistir novelas, não ler os livros da lista dos top mais vendidos, não saber das fofocas da Caras, nem conhecer os donos dos corpos sarados e bumbuns que fazem sucesso na grande mãe global, boiar quando o assunto são os rebolations da moda, não ser grêmio ou inter, não  comer pizza de tomate seco com gorgonzola, não  frequentar lugares porque é preciso se divertir, não fazer sexo com a frequência prescrita, não colocar próteses de silicone, não falar da vida dos outros, .... Eu poderia engordar esta lista de ítens que me coloca no corredor do  abate.
Daí eu faço piadas com a mimha própria incredulidade. Sou uma caricatura da boa moça que gostaria de rabiscar no meu layout, esta é a minha forma de ficar em cima do muro.
Eu diria que estou me tornando uma chata no mais puro estilo do gênero. Uma boa chata.
- Duas xícaras de café por favor, quero  acordar!
Não dá para simplesmente usar as regras de sintaxe e refazer o texto adequado. A vida não se reescreve.Não dá para ser mais um espaguete na pasta sob o molho pesto e ser engolida na mesma garfada?
Não da pra gostar de bifes de fígado e dobradinhas ?
Eu não faço sentido sempre e nem tento, mas me causa fastio às vezes quando olho a minha volta com minhas lentes avaliativo-rigorosas.
Quem mesmo será que penso que sou?
Acho que sou uma pedante, pretensiosa e presunçosa . Dito isso explico que cheguei a esta última conclusão observando o altruísmo de meu cachorro Stuart.
Enquanto eu escrevia este post ele me olhava e de repente sem mais colocou a pata dianteira sobre o meu croc. Ficamos de pés dados e refleti o quanto estou distante da harmonia quando o Stuart fez aquele olhar de tóch tóch Melinda. Tolinha!
Se este texto sugere que não cheguei a lugar algum, diria que é exatamente onde estou...no limbo inquisitivo do mokshanonhilum...
beijo tóch tóch
da Lind@

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

NAMASTÉ

Há momentos únicos que não se explicam. Na sexta eu não pude ir a aula de Yoga e havia recebido um email da minha professora falando sobre praticar meditação com a sabedoria de   Sogyal Rinpoche. Como optei por praticar meditação com maior frequência e com alguma disciplina, embora não tenha ido a aula fui ler sobre as práticas meditativas que o mestre ensina em seu livro tibetano do Viver e Morrer.
Não sou adepta a nenhum credo ou religião, gosto de repetir a frase que ouvi de alguém " meu templo é minha mente " , mas confesso que sou uma grande apaixonada pela abordagem que os orientais, em especial os tibetanos fazem do viver.
Eu sei é que fiquei lendo sobre as práticas de Tonglen e sobre os métodos mais adequados a cada um para prática da meditação. Eu adoro os mantras. Há muitos anos atrás começei em um grupo de estudos sobre Budismo e por incrível que pareça, os mantras que aprendi naquela época começam a tocar dentro da minha cabeça, de graça, de uma hora para outra. 
Acho isto algo incrível e que não consigo explicar. Eles vem , repetem-se e se vão.
Bem, eu havia praticado Yoga dos treze aos quinze com uma papiza do Ratha Yoga, mas na época eu não entendia muito , apenas gostava de estar lá em meio aquelas pessoas tão estranhas quanto eu.
O fato é que há quatro anos retornei com a prática do Yoga e acho uma das coisas mais fantásticas que existem. Tenho a sensação de que viajei dentro de mim milhares de anos depois que começei a praticar. Apenas é algo que faz parte da minha vida. Quando respiro, me sento ou falo algo, é como se uma outra de mim estivesse sentada em lótus a me olhar.  Não estou falando de desdobramento, mas de consciência e respiração. Espero nunca precisar parar e apenas lamento não poder praticar mais vezes e mais tempo.
Bem, mas o que aconteceu que achei apoteótico é que ao ler um texto chamado " Trazendo a Mente para Casa" , Rinpoche citava um mantra muito legal , " OM AH HUM BENZA GURU PEMA SIDHI HUM".
Certo, fiquei cantarolando o mantra , que eu já conhecia em outra versão e pensando nele.  Lembrei do filme (que achei uma forçação de barra) "Comer , Rezar e Amar" do livro homônimo.
Muito bem então hoje eu coloquei para tocar um CD da Deva Premal que já escutei milhares de vezes e a primeira música que tocou foi este mantra.
Eu nunca tinha ouvido de verdade e isto me pareceu uma espécie de expansão de mim mesma, me alarguei e todo meu corpo sutil ficou lá admirado com todas as coisas que tenho perto de mim e nunca vi.
A vida é um pouco assim, como se houvesse um  museu de grandes novidades que estão lá há tempos imemoriais, em nossos códigos sutis e nunca tivéssemos percebido. Nossa miopia tem cura.
beijo  OM
Lindo
da Linda

domingo, 14 de novembro de 2010

Quando me acompanho...

A sombra  ágil  movia-se entre os guetos de luz consentidos pelo sol. Misturava-se aos plátanos, desenhava-se pelas telas de chão batido e por vezes se escondia.
Presa a um corpo , à sombra restava fazer desenhos na trilha e refletir-se nos transeuntes, nos postes ou nos olhos de mel de um cachorro sonolento. Só ele a perceber seu rastro.
Andava à frente orgulhosa , o sol em perspectiva brincava com ela , como num jogo , logo se via seguindo o corpo da mulher até que tudo era engolido pela sombra.
Dançava entre as folhas um balé estroboscópico.  Brincava, ao contrário da imagem grave que caminhava indiferente a ela. Onde iriam tão rápido? Uma sombra de dúvida.A sombra era um avesso reflexo que simulava um mundo paralelo e sem tintas. Nascida de um foco de luz, era nua e negra, diáfana e sobretudo silenciosa. Prisioneira submissa de um  destino tácito.
Estava fadada a  protestar com moderação, a conter-se e ser a perpétua  cúmplice  das aventuras mornas de uma estranha.
Que ironia esta, era um simples efeito do corpo sob a luz, mas era tão mágica, tão misteriosa. Tantas coisas intrigantes nascem na sombra. Por momentos parecia sorrir sem ser percebida.
Adorava quando tangia  por segundos uma  ou outra forma, um outro efeito sob a luz. Era impenetrável e inatingível, um espectro que se agitava . Não poderia jamais  ver-se crescendo, alongando seus braços e pernas sob os ângulos do mundo. A semente não conhece o destino da flor.
Que triste achava a vida de uma sombra, arrastada no melhor da festa. Estava ali a saber tudo o que acontecia, a colher as lágrimas e ouvir os risos. Ela vibrava no submundo da fantasia como uma idéia insepulta esquecida . Era como um livro sem letras que contava sua história na dimensão de sonho que alguém lhe emprestava. Um rabisco caprichoso e cheio de audácia, um enigma ou um ponto obscuro e desconcertante. Uma mímica sem lógica que que vive do lado de fora da caverna(de Platão) a espera de qualquer razão.

beijo sombrio

E quando a sombra nos envolve...

sábado, 6 de novembro de 2010

Cale-se...


O caso é grave. Não consigo me calar. Língua solta incurável. Jantei com alguns amigos e outros nem tanto na quinta e tive que olhar minha fratura exposta com um sorriso empalhado.

Na hora de um infame amigo secreto uma amiga descreveu-me como alguém muito fechado e da qual nada sabia. Minha bunda ficou na janela.

Ao acordar na manhã de sexta, lá estava a mensagem de Jung: " cale-se"!

Tive um pesadelo no qual cheguei em casa e percebi que havia sido roubada. O que levaram? Minhas roupas todas. O restante estava intacto. Fiquei nua. Expus-me. Pus! Pus me!

Oras!! As roupas são a parte mais próxima de nosso corpo. São a pele imediatamente sobre a pele. As roupas são nossa primeira casca. Na casa mental, ou na mente, elas representam a minha intimidade exposta.

Eis meu calcanhar de Aquiles.

Sempre me considerei alguém com disciplina para reconhecer limites, mas quando o assunto é guardar o que deve ser meu, simplesmente não funciona. Tenho por hábito fazer autópsia do meu fígado publicamente. Coloco em meu rol de piadas favoritas o mais nobre sarcasmo sobre o que acerca minhas vísceras.

Confesso egóica que faço isso de forma elegante, diria que até com graça. Eu tenho o dom de fazer com que todos se sintam à vontade dentro de minhas casas.

Desde muito pequena me registro como alguém que "vomita" tudo rapidinho. Quando eu fazia algo errado e minha mãe chegava em casa eu dava um jeito de entregar o ouro para o bandido e preferia o castigo a calar a boca. Meu irmão era uma ostra e eu uma planície vasta e desértica, não tinha onde esconder nada.

Viciei as pessoas na minha graça e agora como é que eu faço para me demitir do cargo de bobo da corte? Quero ser uma lápide com a inscrição "boca fechada não entra mosca". Como faço para tirar a meleca do nariz sem ser notada? An ran?

Hoje, por exemplo , encontrei um antigo professor meu , de certa cerimônia eu diria. Na falta de qualquer algo mais convencional para dizer soltei logo um disparate.

Preciso encontrar minha parcimônia verbal, do contrário vou cortar minha própria garganta.

Ser caricata é um vício quase incurável. Deve ser como estas ovelhas que gostam de ser comida de cachorro. Entrego o jogo e não sei blefar.

Talvez precise fazer um cursinho rápido no Tibet, uma imersão no mundo dos silenciosos para ver se ainda tenho jeito.

Já tentei a necropsia psicológica e não sei se é possível dispensar o camarão sem comprometer o bobó.

Quem tem medo de Virgínia Wolf?

Desta forma sigo não sabendo mais um pouco sobre este ser em desconstrução, habitante de janelas virtuais e doce administradora deste endereço!! Diga-se de passagem uma das minhas casas favoritas.

Momento blogoterápico: dinâmica tecle "mute" para calar.

beijo lindooooo

da Lind@



sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Fascinação

Parece mentira, mas como dizia um cara chamado Daudi " a vida quanto mais vazia, mais pesa". Digo isto porque quando estamos no período entre-tormentas sobra espaço para prestar mais atenção no que acontece a nossa volta . É natural que nos situemos mais e alguns detalhes fiquem a mostra.
Ontem eu e uma amiga de longa estrada fomos ao centro comprar umas coisinhas e enquanto andávamos pelo calçadão minha amiga virou e falou " como o mundo mudou né" , continuou " tudo mudou tanto"." Tu te lembras como tudo era antes? " Claro que lembro, respondi. " Tu achas bom?"
Esbarrei na pergunta. Pensei um segundo e larguei no impulso : acho.
O fato é que eu gostava do mundo como era, mas gosto dele agora. Sinto imensa saudade de certos ingredientes que temperavam a vida antes, mas é estranho, a vida é impermanente. Gosto de todos estes ingredientes no tempo deles. A sensação desta percepção me assombrou até.
Eu percebi que as histórias do passado pertencem ao passado. Não é incrível a nossa capacidade de transitar pelo tempo.
Eu gosto muito de mim como estou , de minha vida e tudo que me cerca como está. Não que não tenha saudades e não adore beber os cheiros do baú de histórias que me integram, mas todas as coisas que passaram só cabem no passado e no momento que existiram.
Percebi o quanto somos dotados de capacidade de adaptação. Aliás a adaptação é uma lei natural da existência. Animais, genes e demais espécies se adaptam . Nosso corpo se adapta e nosso cérebro se adapta.
A ciência afirma até que nossa sensação de eternidade é um atributo de um kit anti-enlouquecimento. Imaginar que nunca acabaremos é uma forma de sedar nossas angústias e nos dar tempo para sorver cada gota do jeito certo.
Sim, eu também tenho uma tese de que o jeito certo é o jeito que é ou o jeito que está. Talvez seja prático, mas eu penso que tudo acontece como deve acontecer, com um pouco de caos é claro, pra não faltar adrenalina.
Outro dia me vi em um vídeo e fiquei perplexa. Era outra pessoa, talvez alguém que não me fosse muito familiar. Era eu em um outro tempo ou momento de mim. Hoje tenho mais intimidade comigo.
E o sentimento que fica de toda esta experiência de viajar no tempo é o deslumbramento. Acho a vida deslumbrante do jeito que é. Fico encantada quando as luzes acendem o palco.

Fico aqui com uma frase do Aristóteles que me fascina "o legal é sair de cena como se sai de uma festa, nem sedento e nem bebido..."

beijo lindo
da Linda

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sessão Remember

Hoje foi dia de sessão remember. Achei um CD com uma coletânea de músicas que embalaram minha vida nos anos oitenta. São músicas do Doobie Brothers que é uma banda americana dos anos setenta "What a fool believes" e Christopher Cross com as maravilhosas baladas " I never be the same", "Saling", "Ride like the wind" .


Eu confesso que os pezinhos começam a dançar sozinhos e as histórias voltam como um filme romântico . Que delícia isso de recordar e reviver coisas do baú ou nem tão baú. Ainda adoro e acarinho com a mesma emoção. Mas acontece que hoje há um leque tão imenso de bandas e o acesso à novos nomes talentosos é tão intenso que é de perder o fôlego.

Eu até me considero pobre em cultura musical, se considerar o volume de produção musical que cresce de forma descomunal.


Hoje o alcance às mídias é mais fácil. Qualquer músico pode publicar seu trabalho em blogs e no Youtube, considerando a mais simples das possibilidades. Claro que a concorrência é maior .Entretanto explodem versões e estilos de grande qualidade .

Claro que há muito entulho, muito material feito para cooptar massas ( não que eu não seja massa) e vender os milhões de cópias, mas que não tem conteúdo ou criatividade. Há zilhões de músicos que vivem apenas os minutos de fama e depois caem no profundo abismo dos esquecidos. Fogo de palha.


Apesar disso, é importante ressaltar que esta diversidade revela muito do que o mundo "civilizado" se tornou.Fugaz! Os novos nichos cada vez mais exóticos e heréticos que surgem no meio artístico significam a rápida mudança que acontece debaixo dos nossos narizes. É nitroglicerina pura.


Mas música é tudo. É poesia, magia, metamorfose , um toque de midas no dia simples. É um luxo. Aprender a entender e curtir música também é um universo. Abrir o ouvido para novas batidas e penetrar nestes tantos guetos culturais que estão disponíveis. "Crise de ansiedade."


Não falo só dos segmentos afeitos às galeras jovens(lato) e à molecada, falo daquela linguagem que não tem tempo, que fica sempre atual e que é a boa música, do pop ao erudito ou ao clássico, ao cult. Amo musicar meus tempos.

Eu tenho uma amiga que quando completou trinta anos fez um CD com a história das músicas de sua vida ou pelo menos as mais marcantes. Muito.

Outro dia li um texto sobre a história da cantora francesa Edith Piaf que tem uma história envolta em glamour, escândalo e tragédias. Morreu aos quarenta e seis anos e tornou-se imortal por canções como "La Vie en Rose" e "Ne Me quitte pas". Edith Piaf é um exemplo para mim de como podemos abrir a mente para novos prazeres. Na minha juventude eu seria incapaz de reconhecer a beleza do trabalho de Piaf ou seu contexto de vida.

E hoje, talvez eu nem ligasse para Christopher Cross ou Doobie Brothers. É por isso que tudo se torna tão interessante. Somos nós em diferentes contextos que nos despertam para novos prazeres e saberes. São encaixes para os nossos momentos.

Minha mãe era apaixonada por tangos e boleros . Gostava de Adoniran, Lupicínio . Meu pai aficcionado por clássicos de Sinatra, Kelly , Charleston, Blues e claro Altemar Dutra e Angela Maria. Meu irmão por rock metal claro . Led Zeppelin, Triunvirat, Rolling Stones, Pink Floyd, Bob Dylan. Meus pais são da Era do Rádio. Fui criada ouvindo "a música da Guaiba". A vitrola era de madeira. Credo. O rádio era forrado com couro verde. Era lindo. Mais tarde surge a FM com a finalidade de focar na música.

Mais tarde tive um gravador com microfone. Era o máximo. A fita cassete revolucionou tudo. Lembro de gravar músicas do rádio. Que emoção.

Eu amava o Fred Mercury, os Carpenters, ABBA, James Taylor, Cat Stevens, Beatles, Phil Collins( Genesis), Elton John , Glória Gaynor, Eart, Wind and Fire, Billy Paul, BJ Thomas, Jorge Benson, Stevie Wonder, Madonna, Cid Oconnors , Donna Summer, Alessi, Bee Gees, , Simple Red, Eric Clapton, Information Society, The Cure, Men at work, Duran Duran , The Police, Bruce Springteen,Tears for Fears, U2, Suzanne Veiga, Dire Street( Mark Knopfler), Tina Turner (We don´t need another hero/clássica). Outros nem considgo lembrar.

Todos estes acabaram exercendo influências. São milhares de trilhas sonoras para uma vida. Tem ainda toda a MPB que é o filé mignon da nossa história musical. Nos oitenta vieram Cazuza, Renato Russo, Frejat, Paralamas, Ultraje, RPM, Titãs, Arnaldo Antunes, Lulu, Nenhum de Nós, Skank , Jota Quest, Engenheiros do Havaí, Kid Abelha, Camisa de Vênus, Cidade Negra, Patofu e ene outros .

Mais algumas centenas nos anos noventa e dois mil como Cold Play, Lenny Kravitz, Jack Jonson, John Mayer, Alanis Morissete, The Verve, Aersosmith, Laurin Hill, Paula Cole, Nora Jones, Foo Fighters, Gotan Project, Ben Harper, The Coors,enfim...a música vai continuar a dar o tom e coreografar a dança dos meus melhores prazeres. Vai acalentar minhas lembranças e sacudir-me por dentro e fora.


Não dá pra falar de todas as canções que amo e das que ainda vou amar e nem precisar a dimensão do seu significado, por que não dá pra mensurar paixão.


superbeijo lindo
da Linda

domingo, 31 de outubro de 2010

Palavra de confreira

Encontro de confreiras que começou no sábado e foi terminado na madrugada de Domingo (quase um kerb). Praticamente um workshop, mais diria um MBA em "modus vivendi di femme fatale".

Espumante em uma mão e discurso na outra. Deu-se a confraria de mulheres falantes de assuntos multifacetados. Na pauta, como sempre, os homens, as letras, a lei, a educação combalida, a ausência de perspectivas, o produto das universidades. No segundo tempo a corrupção, as armadilhas da vida social, o AMOR, o sexo( ou a falta dele) , as bombinhas de queijo, os cachorrinhos quentes da Antoninha. No terceiro tempo, cabelos, cabeleireiros , faça você mesmo, casamento, escolhas , talento , mulheres . Ainda no terceiro tempo pais e filhos, as diferenças entre irmãos e as ironias. Onde vamos parar?

O envelhecimento feminino e a perda da libido. Os tabus derrubados por esta geração de meninas que mais parecem retroescavadeiras sexuais. Na pauta ainda o casamento dos outros, a hipocrisia e afins, a importância do cinismo para sobrevivência de uma relação amorosa. O império das piriguetes, a importância das mocréias para o tempêro de nossas discussões.

No aparte ainda rolou o quinto constitucional e a indicação de perfeitos idiotas aos tribunais. A entrevista da Ministra Eliana Calmon ( Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça). Mazelas e equívocos. A faculdade de direito de Bigrivertown, salário de professor, concursos públicos, academia e seu fundamental papel na perpetuação do corpítio. Os quarenta e o maldito metabolismo. Obras e casa, trabalho e esforço. Obstinação e disciplina como ingredientes para uma vida equilibrada. Puxada de tapete ?(pode). A fauna exótica e canibalistica da academia de ginástica. A modesta boniteza da Pam. A microsaia da anfitriã. A visita relâmpago de LF à paisana e o ministério da sedução. Homens mais e homens menos. Meu marido é um rato branco . Contorcionismo no sofá. Terapia brevíssima da gargalhada.

Momento exótico: a história do canibal de 200 quilos adornado com longa cabeleira e que pinta as unhas de bege. Ele prefere amaciar a pele com hidratantes na forma de mousses. Será que ele ainda é?

A última pauta foi abordada na porta e junto ao hall para marcar a próxima assembléia mini-curso. A Pam se superou na sobremesa novamente. Fui obrigada a repetir.

Somos obrigadas a repetir sempre.

Afora as brincadeiras registre-se e publique-se que não sou dada a preconceitos, mas adoro caricaturas, inclusive a minha.


beijo lindo

da Lind@

confreira

And show must go on....

Andei pelas quatro quadras que me distanciam da sessão eleitoral onde voto sob o vento furioso que soprava em Bigrivertown. Caminhei lentamente pelas ruas vazias do deserto dominical sentindo os cheiros misturados das casas e edifícios. Os ruídos denunciavam seus plugs conectados à tomadas. As vinhetas e vozes metálicas contrastavam com o vento rasteiro enfurecido pela primavera.
O lixo dançava seu balé cadenciado com a minha coreografia de passos intrigados.
A sala 14 da sessão 236 contava com quatro jovens e bonitos mosqueteiros da democracia. Um deles já foi logo me chamando pelo nome e sinalizando o "ok" afoito para que eu exercesse meu direito-dever. Confirma. Desci as escadas com aquela sensação de dejá vu.
Retornei pelas quatro quadras com a mesma sensação , observando na contramão dos carros o ânimo semovente dos bovino-cidadãos, que como eu representam seu número no grande circo simulocrocrático que se tornou este Brézil.
Não estou me queixando, pelo contrário, estou apreciando todos os números. Já estive lá atrás onde não havia claridade suficiente para entrever os personagens e prefiro agora com todos os apesares e todo o mau gosto. Prefiro tudo no palco sob as luzes , ainda que muito fique de obscuro.
O mau gosto tem gosto de experiência, de tentativa e de movimento. A mobilidade deve ser horizontal e vertical. Longe estou de falar de ideal, só beirando o possível. Ficarei feliz se o PSDB não voltar ao poder.
Os editoriais vão espernear , os ensaístas vão se inspirar a escrever seus mais articulados textos, os articulistas vão destrinchar todas as possibilidades nas mais improváveis digressões.
Os âncoras vão ter novos ingredientes para rechear seus programas e a mídia vai patrocinar o show. Tudo dentro da mais admirável trajetória perpetrada pelo país que já foi império de D. Pedro.
Ironicamente nossa antiga metrópole passa hoje por uma das mais graves crises econômicas de sua história. Portugal não fez a lição de casa e enfrenta revezes dramáticos. E assim ensina a história.
O presidente americano que é objeto de tanta expectativa por parte do mundo dá a lição"Graças a vocês, a mudança chegará a ...... Vocês escolheram não dar ouvidos às dúvidas ou ao medo, mas aos seus corações e a aquilo em que acreditam..." (retirei o Washington). Sou fã do Obama.
Estamos muito distantes do tempo do Leviatã de Hobbes, mas poder é poder e muitos acham que ele tem que ter sempre os mesmos titulares. Não se conformam que os tempos mudaram . As luzes dos grandes filósosfos se ampliaram exponencialmente e ficou sob vista quase tudo o que há de nefasto nas relações de poder.
Para esta que aqui se contrapõe todas as verdades são melhores, ainda que hipócritas. Viva a liberdade, ainda que cercada pela ignorância. A frase cuja a autoria esqueci diz muito do tudo: " A hipocrisia é o mais próximo que o homem consegue chegar da virtude".
O jogo ainda nem começou crianças. Como diria o esfaqueado histórico Júlio César " A sorte está lançada"( alea jacta eas)!!
beijo lindo
da Lind@

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Nasce uma mão de vaca: pág. 40

Linha de chegada à vista. Parece que passei tranquila pelo prazo a que me propus. Nenhum cosmético ou similar, nada de bijous ou qualquer outro tipo de acessório, nada de sapatos ou roupas de qualquer gênero. Nenhuma bolsa, Livro ou revista. Nada de roupas de cama, mesa ou banho. Nenhum bibelô, adorno ou qualquer ítem de bazar. Nada de livraria ou papelaria.
Nem uma escova de dentes nova(adoro comprar escovas de dentes às pencas).
Foram quarenta dias administrando meu pensamento controlador de ímpetos. Claro que o sucesso é de Linda O'Mahley.
Claro que pretendo estender minha quarentena, agora a fase mais perigosa, usar o bom senso . Comprar sim, mas com moderação e previsão. Controle, consciência e planejamento.
É super importante fazer planejamento daquilo que se deseja. Não gerar expectativas .
Bom, meu novo objetivo que também pretende cumprir 40 dias eu já adianto hoje, mas vou decidir amanhã.
A proposta é reduzir meus ímpetos verborrágicos em , pelo menos , cinquenta por cento.
A quantidade de energia que gastamos quando falamos é imensa. Muitas vezes falamos além do necessário , usamos a própria capacidade de comunicação para criar mais das multidões de personagens que nos habitam.
Eu uso minha absurda habilidade de manejar conversas para libertar hostes de pensamentos , muitos deles nem me pertencem, apenas circulam por minha boca e minha mente.
São idéias que cacei pelo ar e ficaram dando um passeio por meu mundo mental. Nem sequer passaram pelo crivo da minha avaliação.
É deste atropelo que desejo me livrar. Atropelar idéias e vomitar palavras em excesso é uma atitude que me incomoda. Principalmente quando me despojo de barreiras , quando não me preservo.
Meu ego estará sob vigilância a partir de amanhã. Voto de silêncio.
beijo mão de vaca
da Linda

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

24 horas: o diário ..

Penúltimo passo para o desfecho. Amanhã é o quadragésimo e último dia. Fim da quarentena sem consumir. Será que achei o antídoto?
Hoje, 20 de outubro foi um dia pesado. Muitos contratempos de meia pataca juntos. O nível energético está em uma sintonia cheia de turbulência e interferências. Nem o Jack(Bauer) resistiria a neurastenia desta quarta feira. Meio da semana, entroncamento dos dias. Sabe como é?!
Entretanto é importante enfatizar que toda mudança de atitude, por mais singela que seja, requer um certo desarranjo e isto move forças em nossa mente. Está bem nada de aprofundamentos.
Resolvi ir trabalhar a pé e também , aproveitando o horário de verão, ir para academia a pé. Estou pensando em escolher pelo menos um dia da semana para andar sem carro. É uma micro contribuição com o planeta, mas pode ser melhor que nada. Não foi de todo mal, mas como meu humor já estava contaminado ..
O nome do filme era " Todos contra um". Sim, um desses dias em que estamos do lado oposto dos que levam a melhor (aparentemente).
Minha próxima tarefa acho que será lutar com o silêncio. Acho que vou me propor 40 dias de economia verbal. Fechar a boca. Calar. Silenciar.
beijo ultimato
da Linda

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Diário de uma consumista: Página 38

Hoje eu comentava sobre o meu bem sucedido intento contra minha corrente consumista e pensava o que fazer após chegar aos quarenta dias propostos inicialmente. Já me gastei um pouco com este tema.Esvaziei. Hoje são 38 dias. Para combinar levei o carro para revisão e tomei um orçamento nada econômico. Gastos úteis e necessários.
Ainda assim( como já disse) não me sinto convencida da minha mudança. Me parece que estou só em banho-maria.
Estou tropeçando nas teclas de tanto sono. Acho que sou o único ser acordado do planeta.
O Stuart está ressonando estirado no chão e faz um silêncio apocalíptico.
Só um ou outro ronco de motor distante rasga o sossego.
Acho que meu próximo desafio será gastar menos energia com palavras. Adquirir um ar mais taciturno. Ficar mirando o mundo do meu infinito particular e apreciar mais a viagem.
Bons sonhos.
Beijos Lindos
da Linda

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Os últimos dias do transe consumista...

Hoje, dia 18 de Outubro são 37 dias da minha proposta (de 40) para mudança de um hábito nocivo se praticado de forma inconsciente, o consumo compulsivo e irresponsável.
É um hábito nefasto por forjar uma sensação de satisfação imediata, ilusória, pois na verdade é insaciável. Estamos envoltos em um mecanismo cíclico patrocinado por toda panacéia midiática que distorce o senso de realidade e induz .
De uns tempos para cá começei a observar um dissenso entre meu discurso e minha prática. Em muitos aspectos.
Em muitos pontos ajo em defesa de condutas ecologicamente razoáveis, entretanto acabava me flagrando consumindo coisas de que não necessitava. Muitas vezes de forma superlativa.
Pois então, decidi mudar este hábito. Este comportamento que me desconserta. Uma desinteligência afobada e primitiva.
Estou no trigésimo sétimo dia e acredito que estou me saindo muito bem.
Parece uma idiotice, mas incomoda. E que venham os shopings, as galerias e os centros comerciais.
Tenho até ressuscitado alguns modelitos e bijous bacanas que estavam escanteados. Voltei a usar a criatividade e estou até tendo uns lampejos de originalidade.
Há muito tempo eu tinha o hábito de misturar uns panos e ser original. Estou até resgatando um pouco deste meu caráter criativo.
Não posso me esquecer que hoje ainda estou sob o efeito da mudança de horário. Estado letárgico zumbiológico. Naum.
beijo lindo
da Linda

domingo, 17 de outubro de 2010

Aos trinta e seis dias do mês de Outubro...zen consumo

Domingo chegando ao fim. Venho registrar meu momento Caminha, descrever a aventura de meus dias navegando sobre os acontecimentos. Sempre por mares nunca dantes navegados.
Acabei de cometer o pecado da gula e comi inteiro um bauru de filé. Sim, às vezes também cometo desatinos.
Depois de um sábado natureba, um Domingo gastronômico com direito a glosnas insalubres. Entre elas uma torta de nozes trufadas. Só resta depois o chá de hibiscus.Valha-me FreeWilly.
O importante é que não consumi nadica de nada. Também não sofri ameaça alguma. Praticamente não saí de casa. Fiquei entocada curtindo a minha alergia à primavera estrondosa de Bigrivertown.
Fico de ressaca cada vez que olho no relógio e me dou conta de que fui lesada em uma hora do meu dia. Estou me preparando para amanhã pois será um longo dia.
Hoje até pesquisei algumas coisas sobre meu dosha na medicina ayurvédica. Eu sou Vata e estava verificando uma dieta ideal para o meu tipo.
Agora só estou desligando as turbinas para entregar-me aos sonhos com Jung.
beijos lindos
da Lind@

sábado, 16 de outubro de 2010

O Adeus a Becky Bloom...

Sábado. O trigésimo quinto dia sem os delírios de consumo de Becky Bloom transcorreram como uma torrente num paredão. Queda livre!
Hoje consegui arrecadar tarefas que não estavam no script apenas para fugir do programa principal.
Apesar de ser uma cozinheira sofrível, decidi cozinhar. Tudo muito integral e vegetal. Como se não bastasse comer uma gororoba de minha autoria e livre criação decidi continuar no ritmo. Fiz pão integral e inventei um impensável bolo(integral) de cacau com amarula e cobertura de chocolate. Por pior que possa ser na pilotagem de um fogão, me sinto absolutamente bem enquanto fico me driblando com quitutes gororobescos. Para arrematar ainda preparei uma salada de frutas, adiantei um pouco de trabalho e finalmente cheguei ao filme que havia locado ontem.
Ontem locar o filme era urgente. Assistí-lo, no entanto....
Ah, o filme " Mammoth" ou o título em português simploriamente piegas "Corações em Conflito", com o bonitinho Gael Garcia Bernal e Michele Williams. Um drama sobre como sempre estamos no limite de nossas fraquezas. Somos bem humaninhos!!!
Eu sou mesmo um caso de total obturação das faculdades mentais.
Outra parte fora do script :
No meu trabalho ao final do ano, por conta de certas apropriações e arremates, fazemos uma dança. No penúltimo ano dançamos algo transcendente. No último escolhemos algo apoteótico e este ano vamos de Rita Lee. Partimos para o escracho da maravilhosa deusa de cabelos vermelhos.
Hoje foi o primeiro ensaio. O legal é que somos mulheres de todos os jeitos. Altas , pequenas , gordinhas , magrinhas, novinhas, madurinhas, avançadas , clarinhas, moreninhas, crespinhas, lisinhas , sardentinhas, descontando os contrastes menos evidentes. O fato é que quando começamos a brincadeira, vira uma festa e é pura diversão.
O escracho é sempre um convite a perda de juízo. Eu como já não gozo de um perfeito me sinto em casa. É o meu número.
Me cansei
de lero lero
Da lincença
mas
eu vou sair do sério...
quero mais saúde,
me cansei de escutar
opiniões,
de como ter um mundo
melhor..
beijo lindo
escrachado e alimentado
da Linda

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

non hilum finalmente...34

Trigésimo quarto dia de resistência aos meus ímpetos consumidores. Apesar de estar recebendo uma ajudinha geral do universo. Ele contribui como pode. Assim, sabotando momentos de oportunidade ou me tornando mais aborrecida que o normal.
Preparei-me segundo a previsão do tempo para um dia de chuvas e acordei com um dia lindo de verão. Destes que apetece sair às ruas ao acaso. Um dia dado a escapismos mesmo. Sair da rotina. Como estava em função da moça que vem limpar aqui em casa e precisava resolver certas coisas...Shazan. Precisei ficar na volta.
Academia(apesar de moída de dor) e outras coisinhas do universo feminino me ocuparam.
Aliás , por falar em universo, a campanha eleitoral do segundo turno engrenou um tiroteio dos infernos. É um tal de ela disse isso e ele disse aquilo que me parece bem "mau caráter".
E domingo vamos ter que encarar um horário de verão (eles).
Eu vou ficar fora do ar por um bom tempo até que meu corpo reconheça a alteração do estúpido relógio.
Valha-me calendário Maia, vai ser o meu 2012 particular. Meu mundo e minha pele terão acabado.Vou ficar um zumbi a andar pelas ruas , acordando as 5:30 da matina. Isso é um desacato. Vou esquecer até meu nome.
Acho que vou me mudar para o Norte. Povo feliz que morre de calor e no escuro com o apagão, mas não tem horário de verão. Brincadeirinha.
Beijos valentes
da Linda

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Comprar em tempos de cólera....

Trigésimo terceiro dia sem consumo de balagandãs. Ufa. Senti hoje um leve, saudoso e desejoso momento consumista. Cheguei a saborear o gosto na boca. Achei que não fosse chegar na páginoa dois. Ufa. Quase sucumbi. Mudei os planos e desviei para locais mais seguros.
Confesso que senti uma dificuldade em resistir. Comprei com os olhos e senti a química se alterando dentro de mim. Pupilas se expandindo, respiração aumentando e aquela sensação de " o que é que tem?"
Por experiência contornei a situação e não me deixei iludir com meus falsos apelos de " depois eu vejo" ou " se eu não aproveitar agora" e" se depois não tiver mais". O resultado final foi deglutir uma barra de chocolate a sangue frio. Ai minha alergia.
beijo lindo
da linda

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Orgulhosamente apresenta: trigésimo segundo dia..

Linda O'Mahley orgulhosamente apresenta " O trigésimo segundo dia ". Pós feriado e movida por uma disposição meia boca chego a oito dias de mudar um hábito.
Diz a estatística que nosso cérebro precisa de 40 dias para mudar um hábito. Desta forma já conquistados 32 restam oito.
O dia não foi dos mais promissores porque perdi o sono as cinco horas da manhã. Muito bonito não?
O dia prometia iniciar com aquela dor chatinha na cervical, irritação e sono. MAS, como sou boa de briga usei o plano B.
Abri a janela para assistir quando o Sol chegasse. Coloquei o violoncelo para expandir meus pensamentos e iniciei meus exercícios de Yoga. Começei pela respiração alternada , alguns alongamentos e minhas asanas preferidas. Voilá!! Novinha em folha e feliz por ter acordado cedo! Nem o simum que sopra na primavera de Bigrivertown conseguiu abalar-me.
Vamos para o trinta e três. Diga trinta e três .
Saldo positivo!!
beijo lindo
da Lind@

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dia da minha criança controlada....: Trigésimo primeiro dia ...

No trigésimo primeiro dia sem consumo de bugigangas(futilidades) proposto pela Linda estou diante de um dia extremamente comercial . A estas alturas milhares de crianças estão agarradas com seus brinquedos novos . Chego a sentir o cheiro em minhas memórias. Aquele plástico novo inesquecível a que me remete esta lembrança. Mas é um dia comercial . Muitos pais estão a compensar sua ausência com brinquedinhos até adultos. Jogos sofisticados, celulares da moda, Notes e toda sorte de cibersedutores. Na verdade há outras milhares de crianças que hoje não ganharam nada. Nem sequer ganharam atenção do mundo.
Me deu uma certa tristeza lembrar que nossas crianças estão sendo consumidas por tantas violências. Estão sendo carregadas para maturidade às pressas. Nossas crianças estão cada vez mais sozinhas e recebem cada vez menos horas pai e mãe. O presente mais importante e mais barato que uma criança pode receber, todos nós sabemos, é atenção, afeto e carinho.
Com estes ingredientes se constrói um ser humano equilibrado, ainda que sem muitos recursos. Este ser humano certamente estará apto a devolver ao mundo o que recebeu.
Fico me perguntando por que falar disso num dia como hoje?
Hoje comemoramos ironicamente o dia da criança, mas acho que nunca as crianças estiveram tão renegadas ao interesses menores de seus pais perdidos, à negligência do Estado e das instituições.
Nossas estatísticas estão aí a mostrar o trabalho infantil, a pedofilia, as doenças novas que acometem as crianças cada vez mais como TDAH e outras co-morbidades, psicoses, bipolaridades em índices nunca vistos.
São desajustes que refletem o quão negligentes têm sido os responsáveis que deveriam estar zelando por elas. As teses se perderam e as pseudo-psicologias e pseudo-pedagogias de araque chancelam mais e mais equívocos.
Estamos envoltos em um tecido social puído e frágil. Drogas, sociopatias, delinquência.
Lendo na Veja a entrevista das amarelas com Cissa Guimarães sobre o acidente que vitimou seu filho caçula, ainda pensei nisto.
Um jovem mata outro e os pais , ao invés de prestar solidariedade a vítima tentam subornar policiais e acobertar um crime . Que pais são estes? Que valores estão sendo ensinados? Que exemplos?
Este episódio ilustra um pouco do que vem por aí com as gerações que estamos criando....
Sendo assim, neste post a Linda gostaria de estar homenageando as crianças e comemorando o trigésimo primeiro dia sem consumo pois a minha criança interior está sob controle, mas não chego a estar animada.
Infelizmente é disto que consigo lembrar hoje.
beijo
Cinza
da Lind@

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Trinta dias......

Hoje eu passei boa parte do meu dia acompanhada pela música. A dizer que a música deu o tom. Eu tinha até algumas coisas práticas para fazer, mas não pude deixar de me entregar ao som do violoncelo de Bruno Cocset.
Eu não tenho educação musical, mas minha alma sim. Fico hipnotizada pela vibração absoluta do instrumento. Música pura e brutalmente leve. Algo entre o primitivo e o divino.
Existem coisas que não se consomem. Não são fungíveis. Quanto mais toca mais a música cresce. Começa a circular pela corrente sangüínea como oxigênio e vai até o dedinho do pé. Vai oxigenando tudo por dentro até que nos faz esvaziar e fluir.
Abri a porta e o vento parecia carregar aquele violoncello pelos ares e janelas, se espargindo, borrifando tudo......
Deve ser fantástico poder fazer isto às pessoas. A música é um privilégio desta nossa civilização. A densidade não pode ser medida. Eu amo música.
Não achei no youtube para colar aqui(merecia).... "the Prelude from Bach's Cello Suite No. 1 "
mas dá para obter no link :
http://somdoroque.blogspot.com/2008/07/j-s-bach-6-sutes-para-violoncelo-solo.html

Trigésimo dia de resistência ao consumo , sem contribuir para o modelo social vigente.
Pelo obsoleto e sedutor modus vivendi primitivo.........
beijo lindo
da linda

domingo, 10 de outubro de 2010

Linda o'mahley live..

Pós debate da Band e momento meditação venho aqui no balcão da Linda bater o ponto do vigésimo nono dia da minha campanha sem consumo. Cometi o delito de ir ao supermercado com fome. Isto não é boa pedida, me enchi de bobagens, mas nada pode ser perfeito. Combinação perfeita para um domingo de primavera.
Eu não gosto de assistir TV, menos ainda no Domingo, mas queria assistir ao debate e portanto me submeti.
Dei azar ao zapear e vou ter que continuar pilotando o controle. O Lulu Santos está de frente com a Gabi e como acho ele uma criatura deliciosa, vou fazer o sacrifício. Pelo menos tira aquele sabor podre de debate político.
Me parece um grande desperdício de tempo ficar ouvindo tantas manipulações ensaiadas pelos candidatos e ao mesmo tempo acusações propositais que constroem cortinas de fumaça para desviar atenção das mazelas.
Mereço um Lulu né...
Ele disse que a Humanidade chegou ao ápice no Concórdia!!
Eu acho que eu não concordo!
O Lulu disse que não pensa em 144 caracteres e não gosta de saber que tem 8oo mil pessoas seguindo-o. Diz que isto chama paranóia. Ele estava falando do Twitter.
Excesso de informação, poluição... fato.

beijo
lindo
da Linda

sábado, 9 de outubro de 2010

O dia 28 diz alguma coisa...

Hoje aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo eu consegui chegar em casa para narrar os emocionantes momentos do vigésimo oitavo dia sem consumo voluntário. Em matéria de "teste suas forças" fui aprovada porque houve liquidação de sapatos na loja mais esperada de bigrivertown. Andava um destes carros anunciando e torturando mulheres adoradoras de sapatos. Eu estava com uma amiga que também estava comendo os dedos. Na verdade nem ventilei a possibilidade de travar uma batalha junto a uma fila que já se aglomerava na porta da loja. Foi saudável.
O fato é que o sábado foi proveitoso, cheio de tarefas de Hércules, mas eu estou me transformando em um mantra "naaum".
Chatinha não?
Beijo repetitivo
da Linda

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Quarenta dias e quarenta noites: a vida sem bugigangas

Com um invencível sono eu( já estou dormindo) registro as impressões do vigésimo sétimo dia de abstinência consumista. Fiz uma centena de coisas, mas entre elas pesquisei dois preços. Olha que maravilha.
É impressionante como existe uma diferença estratosférica entre os preços praticados em diferentes lojas e serviços.
O primeiro foi uma latinha de quilo de esmalte para ferro preto. Na loja A a latinha custava R$ 17, 90 , na loja B a mesma latinha custava R$ 12, 00. Uma diferença absurda de quase cinquenta por cento(eram da mesma marca).
Na loja A, a moça ainda tentou me empurrar uma tinta que era a segunda linha da marca X, mas com preço mais acessível. Não sei como não caí. Faço o gênero pato.
Mas no segundo caso foi pior. Como ontem choveu muito aqui em Bigrivertown molhou o freio do carro. Daí hoje estava fazendo um barulho e eu resolvi ver se não era por causa das pastilhas. Entrei na primeira loja, uma marca famosa e oficina especializada. Qual o valor? R$300,00. Tinha horário para 13;30h e o carro fica a tarde toda. Caiu-me o queixo. Uma outra ocasião lembro de ter trocado pastilhas de freio por uma valor que nem me chamou atenção. Eu quase me resignei. Pensei que talvez eu estivesse desatualizada.
Fui a outra loja, que não fazia este serviço , mas me indicou outra que fazia.
Cheguei na loja e perguntei se faziam o serviço e o rapaz me disse que sim. Qual o valor? R$ 80,00. O serviço leva em torno de uma hora e meia e não tinha horário para hoje.
Fico pensando como pode alguém sair tanto da casinha.
Na loja renomada o rapaz , mesmo sem considerar a quilometragem do carro já determinou a troca de discos, pastilhas e fluido do freio. Incluia uma revisão geral. Era pegar ou largar.
Na segunda loja o rapaz disse que talvez não fosse necessário trocar pastilhas , poderia ser a própria borracha que estava fazendo o barulho.
Impressionante.
Ah teve também a diferença do valor dos exames de sangue no laboratório e até do tempo de jejum, que no segundo é de oito e no primeiro é de 12 horas. Odeio jejum de 12 horas. Acho um acinte.
É a economia de mercado. Lei da oferta e procura mesmo. E também lei do João sem braço que se dá bem com muitos desavisados ou mesmo com os abonados de plantão.
Vou me tornar uma pechincheira profissional. Não dá para viver em um país com economia de mercado e não usar do direito do consumidor de procurar preço e qualidade.
Mas são 27 dias sem comprar. Poderia passar os próximos 4 meses, não ia me fazer falta.
beijo sonolento e cambaleante
da Linda

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Vigésimo sexto dia: tchan nan

A quinta-feira transcorrida , 7 de outubro e o clima de animus resolvendis permanece. Só descascando pepinos diários e permanecendo em estado de nadas comprandis. Com a super chuva do dia fiquei sem internet. Fiz uma porção de coisas de ordem prática e estou com aquela sensação de dever cumprido e bolso corroído. Sim, a vingança da conta bancária : episódio inicial.
Enfim, após um otorrinolarinologista e um traumatologista , iniciei o episódio "Check up". Fiquei pensando se não era uma forma de consumo também. Consumo hipocondríaco. Acho que é uma boa substituir o consumismo pela hipocondria , sai mais barato para o meu bolso, minha consciência e também para o planeta. Amanhã será a vez do gineco( que é anual) e aí uns exames aqui e outros ali.
Adiante?
beijo da Linda

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quarenta dias e quarenta noites: vigésimo quinto dia...

Então são 25 dias. Algumas tentações como comprar uns livros em um sebo próximo ao meu trabalho. Na verdade são livros que não vou ler agora e pensei que poderão esperar para outra hora. Também recebi um telefonema de uma amiga que vende uns produtinhos legais. Dei uma enrolada e saí fora. Que situação não é... não posso ficar dando explicação para todo mundo. Tenho uma enorme dificuldade em dizer não. Assim sumariamente. Geralmente faço um meio de campo e vou me escapando de mansinho.
Em compensação concordei em assistir ao show do Paul Macartney que vai ocorrer em Porto Alegre. Nunca se sabe quando será possível ver um Beatle. Isto é histórico e não dá para considerar exatamente como consumo. Creio que é um tributo à minha própria história.
Ir a Porto Alegre também é uma desculpa perdoável, cheirar a civilização e aquele inferno urbano endoidecido. Sacudir a poeira enfim.
Portanto faltam apenas 15 dias para concluir minha proposta inicial e vejo que não é impossível cumprir metas .
Tenho que concretizar meu animus realizandis e outras pedagogias da minha vida. Como diz um velho amigo argentino precisamos ser docentes de nós mesmos.
Beijo Lindo
da Linda

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Vigésimo quarto dia...

Enfim aqui estou! Novamente a fazer juras ao bom senso. É isto , prometo me comportar e agir como uma menina muito bem crescida. Não comer bobagens, não desperdiçar nada, muito menos a maravilhosa vida que tenho. Juro que vou pedir licença ao tomar minha alegria nos braços e agradecer sempre que os sorrisos estiverem contagiantes.
Continuarei olhando nos olhos e buscando ser uma com minha verdade. Quero mesmo continuar sem entender, pelo menos o bastante para poder ficar mais lúcida e interessante.
Vigésimo quarto dia do meu bom senso. Fico feliz! Estou sob o efeito de alguns quadrinhos de chocolate com os quais me presenteei neste dia tão ventoso de primavera bigriveriana. Deixei o frio alcançar minha pele até ficar com as mãos roxas. Só para me sentir assim, mudando de cor. Só para depois jogar o agasalho aconchegante sobre as costas e caminhar a passos lentos por entre meus sonhos. Assim termino o cinco de outubro.
Bah..esqueci o aniversário da Julinha.
beijo lindo
da linda

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Diário de uma não consumista :23° dia

Segunda-feira, 04 de outubro. Muito sono. São vinte e três dias de sucesso em meu intento.
Ontem um amigo de quem costumo comprar esteve em casa para pegar umas coisinhas por consertar e eu automática falei:
- Quando voltares de viagem vem mostrar as novidades....póin
Ato falho. Não lembrei que não quero comprar. Mas tudo bem. Hoje pude voltar a usar maquiagem depois de dez dias. Ufa.
Parece que está tudo bem, sem alergias ou reações. Hoje uma aulinha de Yoga total e relax.
Estou com a TV ligada no silencioso. Ironicamente começou a aparecer um comercial onde tem um cronômetro registrando o número de compras por segundo . Não ouvi o texto, mas assistindo é bizarro. O comercial é do Mercado Livre e aparecem centenas de objetos de todos os tipos registrados em uma espécie de registradora digital. Dá uma angústia.
O tipo de comercial que se for veiculado sem som vira protesto contra o consumo.
Beijo lindo
da Linda

domingo, 3 de outubro de 2010

Quarenta dias e quarenta noites: 22° dia sem consumo...

22°dia da minha empreitada. Hoje 3 de Outubro. Dia memorável de exercício da democracia tão duramente reconquistada em nosso país. Um dia muito feliz, certamente. Seja qual for o resultado será o reflexo da vontade popular. Seja lá qual for o perfil deste brasileiro que està indo às urnas . É a expressão do processo de amadurecimento político de nossa sociedade .
Um dia de consumir o que é de direito. A cidadania sendo exercida. Esbanjemo-la...
Ainda tive a oportunidade de encontrar uma senhora bem idosa na minha zona eleitoral. Ela estava feliz porque poderia votar sem o título, pois fora assaltada e levaram-lhe todos os documentos, restando apenas a identidade. Ocorre que não sabia qual era a sessão em que votava e portanto ia de porta em porta para ver se estava na lista.
Veja só a responsabilidade e comprometimento. Poderia ter mandado às favas , mas optou por exercer seu direito em um dia tão importante.
Ainda observei aqueles que se vestem com um pouco mais de capricho para ir votar. Gerações mais conscientes talvez da solenidade deste ato.
Ao mesmo tempo deparei-me com outros menos honrosos manifestos. Destes que não sabiam nada sobre os candidatos e escolheram na hora , conforme a cola de outros. Isto é que é ridículo.
Estas pessoas vivem nas esquinas reclamando do país.
Mas eu aqui já colhi informações e verifiquei que elegi um deputado estadual e um senador de minha escolha. Um governador. Um bom saldo.
Agora é esperar pelo segundo turno para liquidar logo este capítulo e partir para a ação.
Sem um gastinho e sempre com animus resolvendi...

beijo lindo
da lind@

sábado, 2 de outubro de 2010

Quarenta dias e quarenta noites: Onde está Wally?


Embuste. Vou começar o post com a palavra embuste que segundo o Aurélio é uma mentira artificiosa, uma impostura, um ardil ou ainda um engano. Fiquemos com o significado, impostura.

Sim, a minha proposta tem um cheirinho de embuste, mas está caminhando e isto é o que importa.


Apesar de minha dieta de consumo não recomendar ambientes que requeiram certa armadura social ontem à noite estiquei um tantinho do Hh de Bigrivertown e fui bater papo e tomar um chopp. Acabo indo sempre ao mesmo lugar, comendo as mesmas coisas e vendo as mesmas pessoas representando seus personagens. Inclusive eu. Isto deve ser grave.


Fiz um um raio X da "vida social".


Um desfile de situações com ares de embuste. O comportamento das pessoas é de quem está em uma trincheira social. Era patente.


Não me suporto quando meu olho radiografa. Acho que nessas horas é preferível ver só a superfície da espécie humana.


Uma porção de mandioquinha, dois chopps e algumas alfaces americanas depois eu começava a achar que tudo era bem pior. Quanto mais a hora se adiantava mais as pessoas chegavam armadas com seus modelitos primavera-verão(apesar do frio), com seus excessos de botox e preenchimentos assustadores. Tem um bocando de hipérbole aí.


A geração botox está me deixando em pânico!! Encontrei uma conhecida que tinha acrescentado um centímetro em cada bochecha. Fiquei azul calcinha. De que adianta encher as bochechas enquanto se esvazia a mente de sentido.Lembreii do filme "os zumbis" com aqueles mortos-vivos sem expressão andando.

Há indivíduos que também consomem moral para o ego e estas situações são muito oportunas para isso. Na verdade acho que levei meu espírito de porco para passear. Sei lá. Acho que esta abstinência está me afetando as idéias. Pode ser uma fobia socil.


Ao fim e ao cabo estamos diante de seres sócio- consumíveis. Consumíveis a ponto de estabelecerem um comportamento antinatural. Ou eu estou ficando muito básica.


Não tenho nada a ver com as pessoas e seus comportamentos, mas não posso deixar de observar que me parece patológico, doentio violentar a própria conduta e a imagem para se incluir do roll dos "felizes" ou seja, os que parecem levar uma vida "normal" .


Lembrei da tal de normose que o professor Hermógenes sempre fala. Credo.

Então , por falar em consumo, perceba-se que consumir pode ganhar novos sentidos quando se observa que o comportamento das tribos deste planeta está ficando bem esquisito.

O que é que as pessoas estão consumindo?

Eu , nada! Vigésimo primeiro dia de animus resolvendi. Adiante...

beijo

da LInd@

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Quarenta dias e quarenta noites: 20 dias sem consumo.

Dia primeiro de outubro. Vigésimo dia, morno mas sem consumo. Estive fazendo uma avaliação a respeito da minha proposta e concluí que vou engrenar a prática em outras áreas. Exultante em saber que é possível.

Conversava agora à tarde com uma prima e ela me falava sobre sua mãodevaquez genética. Contava que havia ganho "créditos" do namorado e da madrinha já havia meses, mas não queria consumí-los. Quando falei que já estava há 20 dias sem consumir supérfluos ela respondeu:

-Ah, este é o meu normal.

Me senti uma gelatina dietética velha dessorada. Não consigo entender qual a substância responsável por esta sanidade toda......
Eu aqui me sentindo a mulher que virou suco e o mundo apenas me fazendo sala. Credo.
Depois não querem que eu me sinta um ET em férias.
Enfim, como dizia meu amigo OSHO, eu sou um Ser único, nunca existi antes e nunca mais existirei , portanto o mundo deve me aproveitar muito bem. Minha singularidade é ímpar.
Sendo assim, beijo pela metade da proposta
da Linda

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Quarenta dias e quarenta noites: dia 19 sem consumo.

Então...dia 30 de Setembro. Hoje completam dezenove dias dos quarenta que me propus a manter-me distante de qualquer compra que não seja essencial. Por inúmeras razões me impus esta disciplina e estou sendo bem sucedida.
Tenho me mantido de um jeito ou outro. Na verdade 19 dias não é nada e me parece que os quarenta também. Nem sequer da para considerar uma dieta de gastos. Que tolinha eu!
beijo tolo
da Lind@

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Quarenta dias e quarenta noites:Diário de uma consumida alegre e satisfeita:dia 18

Décimo oitavo dia. Hoje, 29 de Setembro. Dia muito auspicioso. Estou super zen com minha singela conquista de equilíbrio. Nada como constatar disciplina sobre hábitos que parecem tão complicados. Hoje quando cheguei na minha aula de Yoga havia camisetas da nova coleção e euzinha não senti nem vontade de olhar. Isto é mag-ní-fi-co!
Também aproveitei a tarde de Sol para ir trabalhar a pé. O dia foi absoluto.
Continuo com aquele ar que oscila entre uma passa de uva branca e um espelho oxidado. Realmente é difícil habituar sem maquiagem( para quem está acostumada). Me sinto um pêssego molar verde ou uma Lima fora da estação. Mas está sendo também um excelente exercício de desapego.
Quem sabe não adoto como prática tornar-me bege! Eu sempre amei os tons que rondam os "beiges", combina com meu atual momento. Removendo os resíduos.
Aiooooô Silver!

Beijo Lindo
da Lind@

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Diário de uma com sumida em consequência.. dia 17

Bom, o Lenine canta e eu aqui neste dia 28 de Setembro continuo firme em meu propósito mão de vaca. Isto tem sido muito estimulante. Acho que o fato de ter me comprometido com o blog diário da Linda foi uma forma de pacto. De palavra. Firmei então.
Consumi meia barra de chocolates hoje...Isto não é muito alentandor, mas não se pode ter tudo.
Fui malhar direitinho, quase em crise de ansiedade, mas não arrepiei....
Nei Lisboa canta os telhados de Paris e eu aqui nessa dureza cor de giz.
Tolice...Eu grito!
Beijo
da Linda

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Diário de uma quase ex-consumista convicta.

Hoje são 27 de Setembro . Muito bem! Décimo sexto dia sem compras. Parece tão óbvio. Firme e forte em minha empreitada. Ocupada e envolvida com outras coisitas. Agora também sem poder usar maquiagem por causa da leve inflamação no meu olho direito. Estou me sentindo um ET. Mas isto é ótimo. Estou desde sexta-feira sem usar cosméticos. Não é uma maravilha? Só filtro solar..é claro.
bom...tarde e sono...
beijo
lindo
da Linda

domingo, 26 de setembro de 2010

Diário de uma aspirante a consumidora lúcida e consciente: dia 15

No décimo quinto dia da minha dispendiosa quarentena anti-consumo percebi que até tenho um certo bom senso. Sabe-se que um bom consumidor é comprometido com as marcas que usa e deve ter o bom senso de não patrocinar empresas que agem de forma contrária a boa política ambiental.
Desta forma teríamos que excluir de nossa prática o voto não ecológico. Os candidatos , em redonda maioria consomem uma quantidade absurda de papel. Só esta semana eu juntei 26 santinhos e panfletos colocados debaixo da porta, sem falar da poluição ambiental com o lixo que fica acumulado nas ruas e a poluição sonora e mental , com os jingles de mal gosto, as paródias sofríveis e que trazem problemas estomacais. É muito lixo para uma campanha só. Quanto dinheiro desperdiçado e que mal exemplo. Os candidatos deveriam ser obrigados a plantar árvores e indenizar os eleitores pela feiúra de campanha. Mal gosto deveria ser abolido e rechaçado . Além de estarmos num mato sem cachorro com toda esta situação política do país, ainda temos que assistir este espetáculo lamentável e tóxico em todos os sentidos. É um tipo de poluição que vai ser sentida também a médio e longo prazo. Até mesmo nas gerações futuras.
Portanto, cuidado com suas opções políticas, pode ser prejudicial a saúde.
Há também um lado bom saindo da esfera deste tipo de política. Falo das práticas adotadas por algumas empresas, que obviamente também envolvem jogadas e marketing, ma que podem ser extremamente favoráveis a nós consumidores, por exemplo, a Neve e a Scott estão atuando com políticas ambientais sérias. Além de promover os 3 Rs ( reciclar, reduzir e reutilizar) estão reciclando material . Isto é muito positivo.
Outra empresa que recicla e promove é a IPE com seus produtos biodegradáveis e embalagens politicamente corretas.
A Braskem( que surgiu da união da Odebrecht com o Grupo Mariani- Copene( fatias da Ipiranga química e petroquímica-) lançou a fábrica de Eteno Verde, plástico feito de cana -de-açúcar, um marco para a politica ambiental. Uma empresa brasileira da petroquímica e de capital privado. Além de também patrocinar esporte e promover saúde. Estimula pesquisa através de prêmios e financiamentos.
Há muitas formas de ingressar no mundo do bom consumidor. Há na internet serviços que informam sobre as empresas conscientes. Sabemos que hoje há marketing e redução fiscal envolvidos em práticas desta ordem, mas toda contribuição é bem vinda afinal.
Eu, de minha parte dou meus pitacos. Achei , por exemplo, abominável a adoção pelos salões e manicures dos kits de unhas descartáveis. Acho um despautério . Não custa ter o próprio kit e levar no salão. O uso destes ítens ,além de encarecer o serviço é um desserviço ao meio ambiente. Outro dia no salão onde frequento me deparei com capinhas descartáveis para lavagem, corte e pintura de cabelos. Outra defecada contra a sanidade ambiental. Mais plástico, mais custo e mais lixo. Que pena!! Aproveitei para dar meu pitaco.
Então só resta curtir este final de domingo quase às vesperas das eleições.Bom pra refletir...
beijo
da Linda