domingo, 31 de outubro de 2010

And show must go on....

Andei pelas quatro quadras que me distanciam da sessão eleitoral onde voto sob o vento furioso que soprava em Bigrivertown. Caminhei lentamente pelas ruas vazias do deserto dominical sentindo os cheiros misturados das casas e edifícios. Os ruídos denunciavam seus plugs conectados à tomadas. As vinhetas e vozes metálicas contrastavam com o vento rasteiro enfurecido pela primavera.
O lixo dançava seu balé cadenciado com a minha coreografia de passos intrigados.
A sala 14 da sessão 236 contava com quatro jovens e bonitos mosqueteiros da democracia. Um deles já foi logo me chamando pelo nome e sinalizando o "ok" afoito para que eu exercesse meu direito-dever. Confirma. Desci as escadas com aquela sensação de dejá vu.
Retornei pelas quatro quadras com a mesma sensação , observando na contramão dos carros o ânimo semovente dos bovino-cidadãos, que como eu representam seu número no grande circo simulocrocrático que se tornou este Brézil.
Não estou me queixando, pelo contrário, estou apreciando todos os números. Já estive lá atrás onde não havia claridade suficiente para entrever os personagens e prefiro agora com todos os apesares e todo o mau gosto. Prefiro tudo no palco sob as luzes , ainda que muito fique de obscuro.
O mau gosto tem gosto de experiência, de tentativa e de movimento. A mobilidade deve ser horizontal e vertical. Longe estou de falar de ideal, só beirando o possível. Ficarei feliz se o PSDB não voltar ao poder.
Os editoriais vão espernear , os ensaístas vão se inspirar a escrever seus mais articulados textos, os articulistas vão destrinchar todas as possibilidades nas mais improváveis digressões.
Os âncoras vão ter novos ingredientes para rechear seus programas e a mídia vai patrocinar o show. Tudo dentro da mais admirável trajetória perpetrada pelo país que já foi império de D. Pedro.
Ironicamente nossa antiga metrópole passa hoje por uma das mais graves crises econômicas de sua história. Portugal não fez a lição de casa e enfrenta revezes dramáticos. E assim ensina a história.
O presidente americano que é objeto de tanta expectativa por parte do mundo dá a lição"Graças a vocês, a mudança chegará a ...... Vocês escolheram não dar ouvidos às dúvidas ou ao medo, mas aos seus corações e a aquilo em que acreditam..." (retirei o Washington). Sou fã do Obama.
Estamos muito distantes do tempo do Leviatã de Hobbes, mas poder é poder e muitos acham que ele tem que ter sempre os mesmos titulares. Não se conformam que os tempos mudaram . As luzes dos grandes filósosfos se ampliaram exponencialmente e ficou sob vista quase tudo o que há de nefasto nas relações de poder.
Para esta que aqui se contrapõe todas as verdades são melhores, ainda que hipócritas. Viva a liberdade, ainda que cercada pela ignorância. A frase cuja a autoria esqueci diz muito do tudo: " A hipocrisia é o mais próximo que o homem consegue chegar da virtude".
O jogo ainda nem começou crianças. Como diria o esfaqueado histórico Júlio César " A sorte está lançada"( alea jacta eas)!!
beijo lindo
da Lind@

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