sábado, 6 de novembro de 2010

Cale-se...


O caso é grave. Não consigo me calar. Língua solta incurável. Jantei com alguns amigos e outros nem tanto na quinta e tive que olhar minha fratura exposta com um sorriso empalhado.

Na hora de um infame amigo secreto uma amiga descreveu-me como alguém muito fechado e da qual nada sabia. Minha bunda ficou na janela.

Ao acordar na manhã de sexta, lá estava a mensagem de Jung: " cale-se"!

Tive um pesadelo no qual cheguei em casa e percebi que havia sido roubada. O que levaram? Minhas roupas todas. O restante estava intacto. Fiquei nua. Expus-me. Pus! Pus me!

Oras!! As roupas são a parte mais próxima de nosso corpo. São a pele imediatamente sobre a pele. As roupas são nossa primeira casca. Na casa mental, ou na mente, elas representam a minha intimidade exposta.

Eis meu calcanhar de Aquiles.

Sempre me considerei alguém com disciplina para reconhecer limites, mas quando o assunto é guardar o que deve ser meu, simplesmente não funciona. Tenho por hábito fazer autópsia do meu fígado publicamente. Coloco em meu rol de piadas favoritas o mais nobre sarcasmo sobre o que acerca minhas vísceras.

Confesso egóica que faço isso de forma elegante, diria que até com graça. Eu tenho o dom de fazer com que todos se sintam à vontade dentro de minhas casas.

Desde muito pequena me registro como alguém que "vomita" tudo rapidinho. Quando eu fazia algo errado e minha mãe chegava em casa eu dava um jeito de entregar o ouro para o bandido e preferia o castigo a calar a boca. Meu irmão era uma ostra e eu uma planície vasta e desértica, não tinha onde esconder nada.

Viciei as pessoas na minha graça e agora como é que eu faço para me demitir do cargo de bobo da corte? Quero ser uma lápide com a inscrição "boca fechada não entra mosca". Como faço para tirar a meleca do nariz sem ser notada? An ran?

Hoje, por exemplo , encontrei um antigo professor meu , de certa cerimônia eu diria. Na falta de qualquer algo mais convencional para dizer soltei logo um disparate.

Preciso encontrar minha parcimônia verbal, do contrário vou cortar minha própria garganta.

Ser caricata é um vício quase incurável. Deve ser como estas ovelhas que gostam de ser comida de cachorro. Entrego o jogo e não sei blefar.

Talvez precise fazer um cursinho rápido no Tibet, uma imersão no mundo dos silenciosos para ver se ainda tenho jeito.

Já tentei a necropsia psicológica e não sei se é possível dispensar o camarão sem comprometer o bobó.

Quem tem medo de Virgínia Wolf?

Desta forma sigo não sabendo mais um pouco sobre este ser em desconstrução, habitante de janelas virtuais e doce administradora deste endereço!! Diga-se de passagem uma das minhas casas favoritas.

Momento blogoterápico: dinâmica tecle "mute" para calar.

beijo lindooooo

da Lind@



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