domingo, 2 de agosto de 2009

Relãções perigosas

Eu hoje fiquei pensando, como coisa que isto fosse novidade, eu penso o tempo inteiro. Talvez nem sempre controle meus pensamentos, mas não consigo simplesmente apertar no off, embora às vezes devesse. Eu sei é que enquanto assistia um filme notei cenas absurdas,pause, tipo, crianças desmantelando vaga-lumes com raquetes ao som de notas suaves e bucólicas ao piano. Crianças ingênuas explodindo cardumes em um lindo lago. Será que eu estou ficando doida ou isto é o fim da picada? Doeu viu?
Tudo bem que as pessoas são imprevisíveis e as crianças até são cruéis, afinal estão testando seus sentimentos e sob período de teste e avaliação podem ocorrer deslizes. Eu hein?!
Mas os filmes sempre gostam de tocar em temas que se repetem. Pais e filhos. Relacionamentos entre pais e filhos, daqueles que não podem mais ser resgatados e transformam-se em uma mágoa, uma lembrança aborrecida, um trauma, um afeto não trabalhado. Pessoas, elas mesmas, sujeitas a todo tipo de cegueira, como se se habituassem a viver de forma errada com seus sentimentos e no final, não sabem mais como fazer certo. Isso é tão comum.
É muito fácil tornar-se um estranho perante uma pessoa que fez parte da sua vida por muito tempo, embora pareça impossível.
Na infância, geralmente os pais são heróis, são a imagem da virtude, da segurança e dos valores que carregamos por toda uma vida. Se os pais esquecem de ser pais ou não percebem isto, vão colher os resultados com certeza.
O sentir dos filhos corresponde ao que receberam , certo? Se recebem afeto, devolvem afeto, se recebem atenção devolvem atenção, se ganham amor, retribuem amor. Se são tratados com justiça e correção, vão tratar os outros com justiça e correção. Parece tão simples. Então porque vemos tantas aberrações e tantos desajustes.
Eu mesma, em algum momento , tornei-me uma estranha para mim mesma, para meu pai também, com certeza. Nos perdemos. Anulamos nossos sentimentos de pai e filha. Perdemos o fio da conversa. O que hoje vejo com tanta clareza, antes nem percebia. Eu sempre achava que os pais eram responsáveis por tudo e ponto. Subaproveitamos nossa história. Simples. Não foi nenhuma catástrofe, mas merecíamos ser mais atentos.
Entretanto, penso que somos levados pela cultura corrente a imaginar este tipo de responsabilidade. Não é assim que as coisas acontecem. Existem histórias,contextos por trás das pessoas que também as impedem de perceber suas falhas. Juntar várias pessoas em um grupo, uma famíia, por laços e sentimentos, é uma situação com muitos meandros, muitas particularidades de cada um e do todo.
Acima de tudo , somos muito vaidosos e ególatras para olhar quem está ao lado. Os pais também, preferem não demonstrar sua fragilidade e sua falibilidade e fazem crer aos filhos que não podem vacilar. Quando fracassam torna-se algo muito grave.
Pais abandonam seus sonhos pelo caminho e nem percebem que crianças captam tudo com sua anteninha e estes significados passam a representar muito em suas vidas adultas.
Não existem receitas, não mesmo, mas acho que os filhos querem mesmo é atenção e amor. Precisam ser queridos e ouvidos. O resto se obtém com uma boa e franca conversa. Afinal de contas, são estas experiências que nos tornam melhores e mais interessantes, o resto é perfumaria.

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