terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O alarme disparou?

Tem dias em que aquela sensação de redemoinho parece que sempre esteve ali, como se nunca houvesse acontecido um instante de serenidade e equilíbrio. É incrível como a mente consegue manipular os pensamentos de forma a parecer que um momento infernal é completamente natural.
Pois é, hoje eu começei o dia abrindo a agenda e colocando algumas balizas para não deixar o dia escorregar para dentro de mim centrípeto e implacável.
Tudo começa com um sonho absolutamente estranho, mas cheio de mensagens subliminares nada subliminares. Aliás começa antes, com um alarme disparando no meio da madrugada, um dentro de mim e o outro na minha casa. Após uma descarga de adrenalina dessas, qualquer senso de realidade fica comprometido, uma fuga real para lugar algum. Não há para onde ir quando se está acossado. Pensa-se 'será que é real?' ,  'tem alguém arrombando minha casa?', 'pode ser um bicho', ' o que eu faço'. Neste momento se tem a certeza de que não há nada a fazer. Ligar para algum lugar (polícia ou emergência) não vai trazer qualquer resposta imediata(não na terra brasilis). Ligar para um amigo só vai enlouquecer o coitado. Fiquei lá deixando o negócio gritando até a equipe de monitoramento ligar. Não ligou. E daí?
Bom, daí eu só poderia reclamar no dia seguinte se não fosse um assalto e eu estivesse viva para tanto.
Resolvi respirar só um pouquinho para não sufocar de medo e andar pela casa a procura da razão de ter disparado o sensor.Nada. Fui até a garagem com as pernas parecendo molas, abri e nada. Desativei o sistema e ativei novamente. Me senti assistindo um filme de suspense no qual eu xingo a heroína que sai a procura do perigo.
Guardei algumas palavras nada doces para dizer ao rapaz da equipe de monitoramento. Fiquei valente de repente.
Ah sim, ele explicou que quando estava telefonando para minha casa eu desativei o sistema. Isto é muito reconfortante. A explicação é que a equipe se desloca para o local após cinco minutos de ter disparado o sistema. Isto significa dizer que o tempo em que fiquei embasbacada inerte esperando algo em torno de 'jogos mortais'  e que pareceu uma eternidade não chegou a ser de cinco minutos.
E então a boa notícia é que não há para onde correr e nem o que fazer.
Lógico que dormir novamente é uma passagem para viajar pelos pesadelos, no mínimo.
Meu alarme interior não quer parar de tocar.
Fiquei um zumbi andando pelo dia como se fosse uma passarela que eu tivesse que transpor para chegar a algum lugar, quem sabe . Peguei a agenda e programei algumas coisas práticas com o único escopo de distrair a minha mente e assim fazê-la pensar  que não havia motivos para pânico. Parece que ela acreditou.
Nada mais carregado do que saber que precisa tomar todas as decisões a respeito de sua vida, inclusive aquelas nas quais não está nem um pouco interessada.
Ontem eu li uma crônica, acho que era da Maria Rita Kehl (psicanalista), mas não tenho certeza. Ela trazia os dois caminhos que normalmente as pessoas percorrem, ou optam, nem sempre conscientemente. O primeiro , o mais comum, mas nem sempre o mais fácil, é colocar a sua felicidade na mão do outro(entenda-se o outro lato sensu-o mundo) e responsabilizá-lo por todas as frustrações e dissabores que se achegam na sua vida. O outro passa a ser aquela parcela de soberania da qual se abre mão voluntariamente. O segundo caminho a seguir é tomar para si toda a responsabilidaade por seus atos e aí admitir que se está sozinho, não há ninguém do outro lado da sua vida que possa de fato servir de amparo ou apoio para suas escolhas(demitindo deus).
A questão é que depois que esta verdade se torna presente e os caminhos ficam claros não dá para voltar atrás. O mundo não está conspirando em favor de seu ego narciso. Não dá mais para juntar as mãozinhas e rezar ou acreditar naquele amor sem reservas que habitava  o meu universo imaginário. A carrocinha da Cinderela não vai passar e o que existe é a mais didática realidade. Não chega a ser devastador, é até divertido testar o mundo sabendo-se quem está no controle.
Mas que no fundo ainda existe uma princesa na torre esperando ser salva , ah existe, o problema é saber o que fazer com ela, com a imprevisibilidade latente dentro dos acontecimentos, com o quinhão de magia dentro da cartola  e que sempre se espera que traga um final 'feliz'.

beijo disparado
da lind@

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